terça-feira, 17 de novembro de 2009

Conto de Terror N° 1

Acordou tonto. Não lembrava de nada e a cabeça doía insuportavelmente. Tentou se mexer, mas não conseguiu. O corpo pesava e ele parecia não ter controle sobre seus membros. Como fora parar ali? Onde estava?

Aos poucos, os olhos se acostumaram com a escuridão e ele reconheceu seu quarto. Estava deitado na cama, fitando o teto. Notou que ainda calçava tênis. Ainda usava a jaqueta de couro com a qual tinha saído.

Conforme ia recobrando os sentidos, flashs de memória apareciam em sua mente. Lembrava de ter saído na noite anterior. Fora a uma festa, numa casa noturna da qual nunca tinha ouvido falar. Coisas de Marcos... Tinha mania de levar os amigos nos lugares mais obscuros!

Engraçado que ele não se lembrava como havia chegado na boate. Só lembrava de estar no lugar... Um lugar escuro, com móveis pesados, cortinas vermelhas, um tanto opressor. Mas havia lindas garotas... Sim, ele lembrava de ter trocado olhares com várias delas! Quando tinha sido a última vez que tantas mulheres lindas tinham lhe dado bola?

As cenas estavam nubladas, como num sonho. Mas ele podia se ver no bar, bebendo. Uma das mulheres se aproximava. Não conseguia lembrar a conversa. Num piscar de olhos já se via num canto afastado, com ela.

A mulher era incrivelmente sensual e o beijava com força, com desejo. Ele se sentia cada vez mais atraído por ela. Prensava seu corpo contra a parede. Sentia a respiração ofegante dela. Estava enfeitiçado.

Não lembrava como tinha saído da boate. Não lembrava como tinha chegado àquele lugar. Pra dizer a verdade, não sabia que lugar era aquele. Só lembrava de ter transado com ela em meio a luz de velas. Muitas velas... E eles pareciam estar num altar. Seria um motel temático?

Ele estava adorando aquilo tudo mas, ao mesmo tempo, se sentia estranho. Era como se estivesse sendo observado. Tinha quase certeza de ter visto vultos passarem pela lateral do salão, mas não sabia dizer. Pensava ter ouvido alguma música ao fundo. Algo como um coral. Realmente parecia um sonho. Mas ele sabia que tinha acontecido.

Então, lembrava de estar num carro, indo pra casa. Não sabia dizer se era um táxi, não lembrava de ter dado o seu endereço. Apenas sentia o balanço do carro e sabia que estava indo na direção certa.

Não fazia ideia de como tinha saído do carro. Sabia que tinha aberto a porta de casa, mas não lembrava de mais nada depois disso.

Então, acordava no meio da noite. Ou já seria dia? A escuridão parecia dar lugar a uma penumbra e ele ia se sentindo mais leve.

Mexeu as pontas dos dedos, olhou para os lados e, pouco a pouco, seu corpo foi recuperando o movimento. A dor de cabeça ainda era lancinante. Estava enjoado e, apesar da tontura, resolveu levantar.

Esfregou os olhos, tomou impulso e levantou. Tateando as paredes, conseguiu chegar ao banheiro. Estava muito enjoado. Lavou o rosto, mas mal conseguia se olhar no espelho. A visão estava turva. O enjoo piorou. Não se conteve e vomitou.

Voltou a lavar o rosto. Ainda se sentia muito mal. Olhou seu reflexo no espelho e tentou descobrir alguma pista do que poderia ter acontecido. Mas não via nada diferente... nada que lhe chamasse a atenção.

De repente, pelo reflexo do espelho, ele teve a impressão de que algo estranho acontecia no vaso sanitário. Onde deveria haver apenas o seu vômito, parecia crescer uma massa disforme e avermelhada.

Girou a cabeça devagar, hesitante, sem saber o que encontraria. Então, chocado, fixou os olhos no vaso. A massa tomava a forma de uma criatura de meio metro, humanóide, magra, com pequenos chifres, dentes afiados e garras enormes.

O pavor tomou conta de seu corpo. Por um momento, sentiu-se paralizado. Mas, no instante em que os olhos vermelhos da criatura encontraram os seus, correu pra fora do banheiro.

O pequeno diabo vinha atrás, e ele só conseguiu pensar em se trancar no quarto. Parecia loucura demais para ser verdade, mas era tão assustador que ele preferiu não duvidar. Nunca havia sentido tanto medo.

Encolhido num canto do quarto, ouviu o barulho das garras roçando contra a porta de madeira. Tremia, suava frio. Estava encurralado. Fechou os olhos e rezou, imaginando ser a única coisa que lhe restava fazer.

A porta rachou. Pedaços foram arrancados e ele apenas ouvia o barulho e imaginava o seu fim. Então, sentiu a criatura se aproximando. Podia sentir sua respiração. Seu cheiro era horrível e ele se sentia cada vez mais apavorado.

Sentiu as garras cravarem em sua pele. Uma dor indescritível o atingiu. E tudo apagou...

- - -

Então, ele acordou. Estava meio escuro e ele se sentia tonto. A cabeça doía, parecia uma ressaca das grandes. Notou que estava deitado em sua cama e sentiu um certo alívio.

Respirou fundo, mas não conseguiu se mexer. Tentou lembrar como tinha ido parar ali, mas flashs confusos da noite anterior eram tudo o que ele tinha. Enjoo, muito enjoo. O drink, a mulher, o altar... Mais enjoo. Estava calçando tênis... estava vestindo a jaqueta...

O carro, a chegada em casa. Estava ficando cada vez mais tonto. A vontade de vomitar crescia... O banheiro, o espelho, a criatura!

O desespero tomou conta de sua mente. Seu coração acelerou.

domingo, 8 de novembro de 2009

This Is It

É isso. É isso mesmo. Michael Jackson é o melhor. Assim, no presente, não no passado. É o melhor porque ele começou boa parte da revolução na indústria da música e do entretenimento. Porque ninguém nunca superou sua genialidade. E porque, vendo o seu último trabalho, mesmo que incompleto, só se pode concluir uma coisa: ninguém nunca vai superar.

Assistir ao filme/documentário sobre os shows que Michael Jackson faria em Londres é uma experiência indescritível. Vê-lo trabalhando, criando, dando o melhor de si e exigindo o melhor dos outros, quase nos faz pensar que não, ele não era humano. Aquele homem não conhecia limitações, medo, insegurança. Era ousado como poucos e brilhante como ninguém.

O filme mostra uma coletânea de cenas extraídas de mais de cem horas de gravação, que intercalam ensaios e bastidores, revelando como seriam os números e um pouco do trabalho por trás das câmeras. Em todos os momentos fica claro quem estava no comando e o nível de dedicação a que um artista pode chegar. Mais do que simplesmente "fazer a sua parte", Michael Jackson analisa e determina cada detalhe do trablho de toda a equipe, sempre buscando o ideal da perfeição.

Infelizmente não se vê na tela nenhum número completo. Não há ensaios com figurinos e Michael assumidamente poupa a voz e o corpo para o grande momento. Mas, por incrível que pareça, esses detalhes não fazem diferença. O homem desacreditado, derrotado, o doente que não seria mais capaz de cantar e dançar prova-se nada mais do que um mito cruel criado pela imprensa. O que vemos é uma pessoa forte, saudável, feliz e satisfeita. Um cantor com uma voz linda e afinada e um dançarino com energia para muito mais do que cinquenta shows. Enfim, o que vemos no vídeo é o Michael Jackson de sempre.

E os efeitos especiais... Os figurinos (que aparecem rapidamente)... Os cenários... Tudo perfeito, criado para surpreender, inovar e deixar o mundo boquiaberto, bem no estilo que consagrou Michael Jackson. Se incompleto This Is It já se mostrou uma experiência fantástica, quando pronto certamente seria o melhor show de que já se teve notícia. Dificilmente seria superado e certamente jamais seria esquecido.

O filme, considerado por muitos um caça-níqueis, para mim é uma declaração de amor. Uma homenagem de uma equipe que teve o privilégio e a honra de trabalhar com o Rei do Pop. Uma demonstração de gratidão de pessoas que conheceram e conviveram com o homem por trás do mito. E que, como é possível ver claramente, se apaixonaram por ele.

Porque Michael Jackson era assim, apaixonante. Exigente porém extremamente educado. Cativante com seu jeito infantil. Intrigante com sua sabedoria e genialidade. Surpreendente com sua bondade. Era um ser humano extraordinário. E, sem sombra de dúvidas, era um artista completo.

Por tudo isso This Is It é um tapa com luva de paetês na cara dos críticos. Que, por sinal, tem se rendido aos encantos do Rei do Pop e se deliciado com sua arte...

Então é isso: o tempo vai passar e, mesmo que seja apenas em nossas lembranças, Michael Jackson sempre será o melhor. Sempre será Rei.