quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Aos Meus Anjinhos


Um dia eu pedi a Deus felicidade e Ele me emprestou cinco anjinhos.

Não vieram todos de uma só vez.

Em 1992 encontrei a primeira anjinha, minha gatinha Suki. Em 1993, ela me deu mais uma anjinha, a Kika. E em 1994, Kika, por sua vez, me deu mais quatro anjinhos, Dudu, Sarah, Tinna e Kelly.

No mesmo ano, Kelly acabou indo iluminar a vida de outras pessoas, mas os outros cinco anjinhos ficaram comigo.

Desde 1992 sou uma pessoa indiscutivelmente mais feliz. Deus me deu uma felicidade pura e verdadeira através da convivência com os meus gatos.

Durante todos esses anos, vivi momentos de alegria indescritíveis. Compartilhei com meus filhotes esse amor inocente e sincero que só os animais são capazes de transmitir, e fui muito feliz.

Mas o tempo passou... E Deus pediu de volta três dos meus anjos.

E eu, que sempre reconheci o quanto eles são especiais, percebo isto ainda com mais clareza cada vez que um deles parte.

Talvez por isso tenha sentido necessidade de escrever este texto...

Amo meus filhos incondicionalmente. Amo meus filhos com todo o meu coração.

Eles são meus tesouros, meu orgulho, minha felicidade, minha vida.

E todos eles, mesmo depois de partir, continuarão vivendo nas minhas lembranças e morando no meu coração.

Sou muito grata pela oportunidade de conviver com criaturas tão especiais.

Suki, Kika, Dudu, Sarinha, Tinninha... mamãe ama muito vocês! E para sempre!


Obs: Este texto foi escrito após o falecimento de Dudu, o terceiro anjo a partir, em agosto de 2008. Kika e Sarinha permanecem iluminando a minha vida.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O Homem Perfeito

O homem perfeito não precisa ser lindo. Aliás, ele não precisa nem ser bonito. Basta cuidar da aparência e ter alguma vaidade. Estar sempre limpo, perfumado e bem vestido já é suficiente.

O homem perfeito não precisa ser rico. Mas ele precisa saber lidar com dinheiro e, se não tiver o suficiente, precisa ter ambição para ganhar mais. Ele precisa reservar um pouco para gastar com a gente, para fazer pequenas gentilezas.

O homem perfeito não precisa ser um intelectual. Um pouco de cultura é o suficiente. Mas ele precisa querer aprender sempre mais. Precisa buscar aumentar seus conhecimentos e aproveitar todas as oportunidades de adquirir saber.

O homem perfeito não precisa ser um cavalheiro à moda antiga. Mas ele precisa saber que alguns pequenos gestos podem fazer uma grande diferença. Ele pode abrir a porta do carro ou puxar a cadeira para a gente de vez em quando.

O homem perfeito não precisa ser um gênio que compreende as mulheres em toda a sua complexidade. Mas ele deve saber interpretar um olhar. Ele deve saber a hora de não questionar e de não insistir. Ele deve ter tato e bom senso para lidar com o que não consegue entender.

O homem perfeito, na verdade, não precisa ser perfeito. Ele só precisa ser o melhor que puder, e tentar poder ser sempre melhor.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O Marido e O Cafajeste

Segundo uma grande amiga minha, toda mulher tem um cafajeste em sua vida. Aquela paixão arrebatadora, que não esquece nunca, mas que não dá em nada porque o cara simplesmente não presta.

O cafajeste é aquele cara que sabe seduzir. O cara que é tudo com o que sempre sonhamos. Que tem um corpão, um bom papo, uma boa pegada. É aquele que nos derrete só com o olhar, que faz nosso coração disparar apenas com o som de sua voz.

Às vezes, nem precisamos nos envolver com o cafajeste. Ele pode não passar de uma paixão platônica. Às vezes, nos envolvemos tanto que acreditamos que ele é o homem da nossa vida. Mas, de qualquer maneira, ele deixa uma marca e nunca esquecemos dele. Sofremos e choramos por ele durante anos e anos. E sempre pensamos que, se esbarrássemos com ele por aí, seríamos capazes de qualquer loucura.

Mas o marido, aquele ao lado de quem acabamos passando o resto de nossas vidas, geralmente não é uma grande paixão. É um sentimento mais suave e, ao mesmo tempo muito mais sólido. Ele vai surgindo aos poucos, às vezes tão frio quanto uma amizade. Mas a confiança, o respeito, a admiração e a sensação de estabilidade vão construindo o amor que nos faz querer aquela pessoa ao nosso lado para sempre.

Algumas mulheres podem se apaixonar pelo marido. Mas nunca será como a paixão sentida pelo cafajeste. O marido não faz seu mundo girar nem virar de ponta cabeça. Pelo contrário, ele mantém o seu mundo em ordem, e é por isso que você escolhe casar com ele.

O cafajeste será a paixão da vida de toda mulher. Mas toda mulher pode casar com o amor de sua vida.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Minha Amiga BBB

Tenho uma amiga que é a cara do Big Brother Brasil. Ela é linda, loura, simpática, engraçada, escandalosa e mais um monte de adjetivos que combinam com quem, como ela, quer ser famoso. E, desde que a conheço, ela diz que sonha em participar do BBB. O problema é que ela nunca se inscreve...

Minha amiga é daquele tipo de pessoa capaz de parar o trânsito. Quando ela chega em algum lugar, não há como não notar sua presença. Ela fala com todo mundo, brinca, faz palhaçada. Mas também é brigona às vezes. Ela mesma brinca, dizendo que é do tipo "ame ou odeie". Se entrasse naquela casa, ficaria até o final ou seria expulsa no primeiro paredão. Oito ou oitenta.

Na época em que começaram as seleções para o BBB 9, sempre brincávamos que qualquer pessoa na rua poderia, na verdade, ser um produtor disfarçado. A brincadeira rendeu cada cena... Se tivéssemos filmado, ela certamente teria sido escolhida.

Por causa do jeito brigão, logo que entrou para o nosso grupo, chegou a ter o apelido de "Lorão". Mas, com o tempo, nós fomos nos conhecendo melhor e ela se mostrou uma pessoa muito doce e carinhosa. O que não a impede de dar uns gritos de vez em quando.

Fomos nos aproximando aos poucos, embora nossa amizade tenha começado logo de cara. Afinal, as amizades começam superficiais e só tempo nos permite conhecer o outro a ponto de tornar este sentimento verdadeiro. E conosco não foi diferente, apesar de ter sido um processo bem rápido.

Comecei a conviver com ela, conversar com ela, sair com ela. Minha timidez, que insiste em se fazer presente sempre que me junto a um grupo novo, foi cedendo à alegria e vontade de se divertir dela. Com a sua ajuda, inaugurei uma nova fase em minha vida, onde a diversão é mais valiosa do que a opinião alheia. Quando tiramos fotos, fazemos as poses mais loucas. Quando saímos para dançar, fazemos performances de dar inveja em qualquer popstar. E chegamos ao ponto de brincar de fazer "pole dancing" num poste de luz!

Liberdade de ser feliz. Este é o dom da minha amiga e a lição que aprendi com ela.Gostaria que ela realizasse seu sonho de ser famosa... Ensinaria essa lição para mais gente.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Delírios de Fã 1 ou Como Gostaria de Ter Conhecido o Michael Jackson

Era uma quarta-feira à tarde e resolvi ir até o shopping Rio Sul. Estava tudo meio deserto, nada interessante, até que vi um trio que me chamou atenção...

Um "hippie" alto e magro, de boné, óculos escuros, barba longa, trajando uma espécie de bata de mangas compridas, calça larga e tênis. Uma mulher negra, muito bonita, usando camiseta e saia longa. E um sujeito alto e forte, de terno. Os três circulavam juntos pelo shopping. Pararam em frente à loja Brink Center.

Fiquei olhando de longe por algum tempo, disfarçando... Aquelas pessoas não me eram estranhas, apesar de serem "bem estranhas"! Hehehe! Quando entraram na loja, entrei também.

Fingi estar escolhendo uns brinquedos enquanto olhava aquele "hippie" que calmamente andava pela loja. Ele andava devagar, fazia movimentos lentos, olhando tudo. Volta e meia, apontava para um brinquedo e comentava com os outros, sempre em voz baixa. Depois de observar por um longo tempo, vi que aquela barba era esquisita... tinha alguma coisa ali!

De repente, distraída, dei um passo para trás e esbarrei em alguém. Quando me virei para ver, o "hippie" esquisito virava-se também em minha direção. Aparentemente, demos um passo para trás no mesmo momento e nos chocamos.

Olhei no rosto dele pela primeira vez e... aquele narizinho que aparecia bem no meio do rosto, entre os óculos enormes e aquela barba desgranhada, era inconfundível! E eis que uma voz suave e baixinha, igualmente inconfundível, no auge da minha surpresa, diz:

- Oh, I'm so sorry! Are you ok? (Oh, desculpe! Você está bem?)

Alguns minutos depois – é claro que eu fiquei sem ação, né – perguntei, ainda incrédula:

- Michael????

Num gesto, ele me pediu para falar baixo e sorriu. Sorri também. Alias, eu ri! Ri sim, porque estava muito feliz. Quando me recompus, conversamos um pouco, enquanto ele escolhia alguns brinquedos. Mas ele sempre me pedia para falar baixo, para não chamar atenção.

Quando saímos dali, ele me perguntou se queria seguir para o hotel com ele, para termos mais privacidade. Disse que queria muito me conhecer melhor, que estava impressionado por eu tê-lo reconhecido, mesmo com aquele disfarce e mesmo sem saber que ele estava no Rio.

Achei tudo muito estranho, fiquei meio preocupada com as "reais intenções" dele, mas era o Michael Jackson, né? Como eu ia dizer não???

Nos dirigimos para a garagem, entramos no carro e seguimos para o hotel. Protegido pelos vidros escuros do automóvel, Michael se mostrou bem mais à vontade e conversamos bastante, rimos, brincamos.

Chegando na suíte, Michael me ofereceu uma bebida e pediu que eu aguardasse um pouco no sofá. Cerca de cinco minutos depois, ele voltou, sem barba, sem bata, sem óculos. Sem disfarce. E acho que foi quando me dei conta de que era realmente o Michael Jackson, aquele cara que eu sonhava em conhecer desde os meus quatro anos de idade...

Ele pegou uma bebida também, se sentou ao meu lado, e continuamos a nossa conversa. Perguntou várias coisas sobre a minha vida, me contou várias coisas sobre a vida dele, me mostrou fotos dos filhos, quis tirar fotos comigo e foi um perfeito cavalheiro durante o todo que passamos juntos. Parecíamos amigos de infância!

Jantamos juntos e a noite já caía quando fiz um esforço enorme para dizer que precisava ir para casa. Se dependesse de mim, não ia embora nunca mais, mas também não queria abusar da hospitalidade do sujeito. Então, ele disse que gostaria de falar comigo outras vezes e pediu meu telefone. E, como o perfeito cavalheiro que havia demonstrado ser, fez questão de me levar em casa, em vez de mandar apenas o motorista.

Mais conversa, risadas e muita bagunça no carro, e chegamos à porta da minha casa. Um abraço apertado, uma promessa de reencontro e então, surgiu aquele clima de "não sei o que faço agora". De repente, Michael me beijou. Um beijo suave, leve, seguido por um pedido de desculpas.

- I'm sorry. I shouldn't have... (Desculpe. Eu não devia…)

Interrompi sorrindo e respondi:

- That's ok… (Tudo bem...)

Mais um abraço apertado e eu saí do carro, entrei no prédio com um sorriso enorme nos lábios e voltei para a minha realidade.

Michael precisou voltar aos Estados Unidos no dia seguinte. Ainda não me ligou...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O Teste Pro Grupo de Teatro

Eu estudava na UERJ, onde eram oferecidas várias "oficinas artísticas", que tinham duração de aproximadamente seis meses e variavam a cada semestre. Logo no meu primeiro período de faculdade, fiz um trabalho onde precisávamos escolher algum setor ou serviço da universidade, e escrever sobre ele. Escolhi escrever sobre as oficinas.

Naquele semestre, estava sendo oferecida a "Oficina de Iniciação Teatral". Fui conhecer o trabalho dos responsáveis e fiquei sabendo que era um projeto não para atores profissionais, mas para pessoas sem experiência que gostariam de aprender teatro. Eles desenvolviam vários exercícios e, ao final, escolhiam uma peça para apresentar, que era montada de acordo com as sugestões do próprio grupo. Adorei a idéia.

Algum tempo depois, procurando alguma coisa interessante para fazer além de estudar, pensei em participar de alguma oficina. Havia oficinas de música, de teatro, de TV. Pensei na "Oficina de Iniciação Teatral" porque, afinal, tinha visto o trabalho deles e tinha gostado muito.

Quando fui fazer a inscrição, percebi que alguma coisa tinha mudado. Lá no primeiro período, eram duas oficinas de teatro: uma de "iniciação" de teatral e outra de "criação" de teatral. Dessa vez, havia apenas uma, a de iniciação teatral. Achei meio estranho e, pra garantir, perguntei para a moça da secretaria se era a mesma coisa que eu tinha visto. Ela me garantiu que sim.

Fiz a inscrição e fui informada de que haveria uma seleção, porque era preciso limitar a turma. Perguntei se seria alguma espécie de teste, se era preciso usar alguma roupa especial ou levar alguma coisa, e a mulher que estava me atendendo disse que não, que era mais uma reunião para conversar, para saber quem tinha realmente interesse em participar, essas coisas. Fiquei aliviada, afinal não tinha nenhuma experiência como atriz.

Chegou a noite da tal reunião e lá fui eu, de calça jeans e sandálias de salto, para o prédio onde funcionavam as oficinas. Eu tinha certeza de que, no máximo, teria que sentar no chão e falar sobre mim e sobre minhas expectativas na frente de todos os presentes. Nada mal...

Quando cheguei no lugar, havia uma infinidade de pessoas numa quadra. Vários estavam usando roupas de ginástica, vários notavelmente já eram atores e vários pareciam simplesmente loucos. Encontrei uma garota que estava tão perdida quanto eu e começamos a conversar. Ela também estava um tanto assustada porque, como eu, imaginava que teria apenas uma conversa sobre suas expectativas. E, pelo o que estávamos vendo, aquilo seria nada mais nada menos do que um teste de elenco!

A tal professora da oficina era uma diretora, com uma peça já estipulada para montar, que estava escolhendo os seus atores. O problema é que, aparentemente, nem todos os presentes sabiam disso. Aliás, ela não sabia do objetivo real da oficina e nem os organizadores sabiam do objetivo dela. Tremenda falta de organização!

Eu estava apavorada, confesso, mas não sou de sair correndo. Então, já que estava ali, mãos à obra! Paguei micos múltiplos no meio de vários atores... Pra meu consolo, não fui a única.

Tive que improvisar uma interpretação de um texto de Shakespeare na frente de todo mundo, engatinhar pelo chão imundo da quadra, fazer caras e bocas pra demonstrar as emoções que a mulher sugeria na hora e por aí vai. E tudo no susto!

Não preciso nem dizer que não fui escolhida, né? Eu já sabia disso lá pelo meio do tal teste e tive vontade de calçar minhas sandálias novamente e ir embora. Aliás, fui a última a me apresentar em um dos exercícios, porque estava considerando seriamente se devia continuar ou não. Mas uma força em mim me fez ficar até o final. Não sei porque essa força resolveu se meter onde não devia, mas... o que eu podia fazer?

Saí de lá toda suada, suja e me sentindo algo perto de humilhada. Não humilhada, porque a palavra é muito forte... mas alguma coisa por aí. Minha sensação era de eu tinha feito papel de palhaça, involuntariamente, para um monte de gente.

Só depois que a raiva passou é que eu consegui tirar alguma coisa boa da experiência. Foi um bom teste pra minha timidez, afinal. Mas, ainda assim, as minhas lembranças hoje se parecem mais com um pesadelo...

Na próxima vez que eu me deparar com uma situação inesperada, nada de "força interior"! Eu vou é embora!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O Dia Em Que Eu Vi Michael Jackson

Era fevereiro e ano era 1996. Michael Jackson tinha vindo ao Brasil para gravar o clipe da música "They don't care about us". Primeiro, foi a Salvador, onde gravou no Pelourinho e com o Olodum, em clima de festa e parecendo se divertir bastante. Depois, era a vez do Rio de Janeiro, onde gravaria no Morro Dona Marta.

Eu tinha quase dezesseis anos, mas ainda não tinha muita iniciativa. Aliás, quase nenhuma. Não fui ao aeroporto, não passei a noite em frente ao hotel, não fiz nenhuma dessas peripécias de fã... Mas, no domingo de manhã, eu fui até a porta do hotel. E naquele dia 11 de fevereiro de 1996 aconteceu a coisa mais legal na minha história de fã do Michael Jackson.

Minha fama de "doidinha" é bem sólida entre os membros da família e alguns amigos. Juntando isso àquela história do garoto de São Paulo, que foi atropelado por um carro da comitiva do Michael em 1993, minha mãe conseguiu uma boa justificativa para me acompanhar. Aqui vale uma observação: ela sempre tenta me proteger de tudo e de todos. Mas isso fica para outro texto. Agora, vamos à história...

Acordei no domingo super ansiosa, imaginando mil coisas, entre as quais, é óbvio, um encontro cara a cara com o meu ídolo. Tomei banho, me arrumei e seguimos para Copacabana. Chegamos ao hotel por volta das onze horas e nenhum sinal do Michael.

Conversando com alguns fãs que estavam lá havia mais tempo, descobri que ele ainda não tinha aparecido na janela para o habitual aceno. Fiquei feliz com a notícia e continuei esperando. O clima era de festa, todos riam e conversavam. Na sacada do hotel, na área que eu imagino que seja da piscina, alguns garçons apareciam e jogavam beijos para a gente, como se estivéssemos ali para vê-los. Tudo estava ótimo mas, e o Michael???

Não sei dizer quanto tempo se passou desde que cheguei mas, lá pelas tantas, um movimento na janela do vigésimo andar chamou a atenção de todos. Sim, era ele: Michael Jackson, acompanhado de sua maquiadora Karen Faye, acenava para nós. Ele estava de casaco vermelho e seu inseparável (pelo menos nos idos anos 90) chapéu preto. O que eu vi, na verdade, foi mais um borrão preto e vermelho do que propriamente uma pessoa, mas eu sabia que era ele e isso me fez ficar tonta. Respirei fundo, me recompus e continuei esperando por uma outra visão, talvez melhor.

Depois de mais algum tempo, outro movimento na janela e outro frenesi lá na calçada. Michael apareceu de novo, agora sozinho e numa janela mais na lateral do prédio. Acenou bastante e jogou umas balas, eu acho. Mas a maior parte caiu na sacada do hotel, onde estavam aqueles garçons. Não peguei nenhuma...

Continuei esperando, porque ele iria sair do hotel para o Forte de Copacabana, onde pegaria um helicóptero para o Morro Dona Marta, local das gravações. Minha esperança era vê-lo saindo do hotel, de perto, pela janela do carro, pelo menos. Enquanto esperava, vi algumas pessoas saindo pela porta da frente do hotel, entre elas a Karen e o Spike Lee, que dirigiu o clipe. De novo, minha falta de iniciativa se fez presente e eu nem pensei em tentar falar com algum deles. Mas também, mesmo que eu tentasse, não acredito que daria muito certo... naquela época meu Inglês era péssimo!

Começaram os rumores de que Michael ia sair pelos fundos do hotel e minha mãe, no auge de sua preocupação com a minha segurança e integridade física, me advertiu com toda ênfase possível:

- Nós NÃO vamos correr atrás do carro, escutou? Você NÃO vai se meter no meio daquela confusão!

De repente, os gritos:

- Michael Jackson tá saindo! Michael Jackson tá saindo!

E, para minha surpresa, minha mãe agarra a minha mão e me puxa, correndo na direção de onde vinha o carro! Está aí uma coisa que eu nunca vou entender... Perdi o equilíbrio, quase caí, me pus de pé novamente, corri... mas não alcançamos o carro. Michael já tinha ido embora, era hora de voltar para casa. Tinha acabado.

Hoje em dia, tudo isso parece mais um sonho... As imagens e sensações já estão desaparecendo da minha memória, depois de quase treze anos. O que vai ficar para sempre é a lembrança da felicidade que meu coração experimentou ao ver o meu ídolo, mesmo que tão longe. E, ao mesmo tempo, a dor por não ter aproveitado a oportunidade como eu acredito que poderia.

Volta e meia me pego imaginando o que faria se tivesse uma oportunidade assim outra vez. Acredito que agora tenho iniciativa suficiente para ter uma idéia legal, estou mais segura neste ponto. Mas, mesmo assim, já bolei mil estratégias e tracei mil planos para garantir 100% de aproveitamento da próxima chance que eu vier a ter...

E quero muito acreditar que isso não foi nada perto do que ainda está por acontecer. Que o destino vai me dar outra chance e me permitir ficar cara a cara com o Michael, olhar nos seus olhos, conversar com ele... Porque, se tem algo que eu tenho certeza, é que – não importa tão louco pareça ou até seja – essa coisa que eu sinto por ele ultrapassou a fase da minha adolescência, se fortaleceu, continua comigo hoje e não vai acabar nunca.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Obras de Arte da Natureza ou A Prova de Que Deus Existe - 1


O Dia em Que as Louras Ganharam um Fã

O quinto período finalmente tinha acabado e mal podíamos acreditar. Depois de aulas arrastadas, matérias incompreensíveis e professores... bom, melhor deixar pra lá. Enfim, depois de um período que foi complicado para todos nós, enfim havia chegado o último dia em que precisaríamos pisar na faculdade. Pelo menos, até o próximo ano.

Decidimos que esse dia merecia uma comemoração. E que precisávamos sair para dançar, para extravasar a tensão da prova final. Mesmo debaixo da chuva fina que insistia em cair, nos reunimos na porta da faculdade e seguimos para um bar aonde vamos de vez em quando, que tem uma pista de dança no segundo andar.

Chegando lá, o lugar estava lotado, cheio de reservas. O que estava acontecendo naquela sexta-feira? Será que o mundo inteiro fazia aniversário naquele dia?

Arrumamos um cantinho para nossas bolsas e começamos a dançar espremidos num corredor. E foi aí que começou... As pessoas passavam por entre a gente, pisando no pé, empurrando... e, vez ou outra, um engraçadinho falava alguma coisa. E no meio de tudo que ouvimos, surgiu uma pérola que rendeu a noite toda...

Duas das minhas amigas, louras e lindas, estavam dançando juntas quando um tiozinho sem noção virou para elas e disse algo como "o amor é lindo". As duas começaram a rir na mesma hora. Assumindo que o cara tinha achado que elas eram um casal, começaram a brincar, dançando juntas e fazendo poses, para gargalhada geral.

O tempo passou e conseguimos mudar de lugar. Fomos para um ponto mais vazio da pista, onde podíamos dançar normalmente, sem que ninguém pisasse nos nossos pés, e longe da vista do tal tiozinho. Pelo menos, foi o que pensamos. As louras já respiravam aliviadas quando surge ele, aquele homenzinho de uns cinqüenta anos, um metro e meio de altura, gorduchinho, de blusa branca aberta no peito, bigodinho e cavanhaque, se sentindo O sex symbol e olhando fixamente para elas.

Uma das louras, sortuda, tem um namorado que não tardou a chegar para salvá-la daquela criatura sem noção. A outra, coitada, foi escolhida como vítima e sofreu assédios a noite inteira! Conforme íamos dançando e nos movendo pela pista, o tio mudava de lugar, buscando um jeito de nunca perdê-la de vista. A coisa era tão "sutil" – com ironia, por favor – que a figura nem fingia dançar e conseguiu a proeza sair em praticamente todas as fotos que tiramos!

Lá pelas tantas, ele me chamou... Eu, que já sou mal humorada com desconhecidos, fiz de tudo para deixar bem claro que não queria assunto com ele. Ainda assim, ele fez questão de me dizer que a minha amiga ficava linda de cabelo preso. Sem saber muito bem o que dizer, dei de ombros e respondi: "ué, fala pra ela". Nem preciso dizer que me arrependi imediatamente, né? Imagina se ele resolve mesmo falar? Coitada... Pelo menos, até então, ele só estava olhando... Mas ele não falou nada. Preferiu continuar olhando de longe.

A loura do namorado acabou indo embora mais cedo e, com seu guarda-costas particular, já estava livre do tiozinho. Mas a outra loura teve que agüentar até o fim...

Quando resolvemos ir embora, já tínhamos perdido o tiozinho de vista. Pagamos nossas comandas e descemos para ir embora. Enquanto nos despedíamos, na porta do bar, ele reapareceu. Pensamos: "Agora já era! O tio vai querer levar a loura em casa! Já pensou?" Mas o tio já estava assediando outra loura e nem nos viu. Fomos todos embora na mais perfeita paz.

E foi assim que as louras ganharam um fã e que uma figura desconhecida conseguiu aparecer em praticamente todas as fotos que tiramos. E, pode ter sido mera coincidência, mas o cartão de memória da câmera deu problema e perdemos todas as fotos. O tio queimou nosso filme...

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Para Começar Bem o Ano...



Porque, depois da chuva, o sol reaparece trazendo um arco-íris... E aí, não importa o tamanho da minha tristeza, um sorriso - mesmo que tímido - teima em brotar nos meus lábios e meu rosto se ilumina.