sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Invisível

Uma vez acordei no seu sonho. E, no seu sonho, eu estava em seus braços e você me amava, me desejava e me queria como nunca quis ninguém. Você olhava pra mim e me admirava e se perdia em meus olhos e eu me perdia nos seus.

A gente conversava, ria, se divertia. A gente brincava, dançava... A gente era feliz.

No seu sonho a gente andava de mãos dadas pelas ruas. E tinha um sorriso no rosto, aquele sorriso orgulhoso que só os casais que se amam exibem por aí.

A gente ia a parques, cinemas, teatros. A gente passeava muito e adorava viver.

No seu sonho a gente ia à praia e você achava engraçado como eu me escondia do sol e fugia das ondas no mar. A gente ficava o dia inteiro ali e era como o paraíso.

E aí a tarde caía preguiçosa e a brisa soprava e as ondas faziam aquele barulho que soava como canção de ninar. E eu adormeci no seu sonho.

Acordei na realidade e aí eu era invisível pra você outra vez.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Fábula da Lagartinha

Era uma vez uma lagarta. Como todas as outras lagartas, esta pequena lagartinha tinha um grande desejo de virar borboleta e voar. Mas, infelizmente, esta lagartinha tinha muito medo do escuro.

Por ter medo do escuro, a pequena lagartinha recusava-se a tecer seu casulo. A ideia de passar algum tempo presa na escuridão era assustadora demais e ela dizia não estar preparada. Afinal, era uma jovem lagarta e teria todo o tempo do mundo para se preparar para aquele desafio. Enquanto isso, ficava contente por ter folhas verdes e frescas à sua disposição.

Por mais que desejasse voar, a pequena lagartinha não podia dizer que era infeliz com sua vida de lagarta. O conhecido era confortável e ela ficaria assim até a coragem aparecer.

Mas o tempo passou e a pequena lagartinha não criou coragem, não perdeu o medo do escuro e não teceu seu casulo. Todas as outras pequenas lagartinhas, como ela, se tornaram grandes lagartas. Mas, diferente dela, as outras grandes lagartas teceram seus casulos, passaram seu tempo na clausura da escuridão e então renasceram belas borboletas.

A pequena lagartinha, agora grande e gorda de tanto comer folhas, via suas velhas conhecidas sobrevoando seu jardim - as mais belas e coloridas borboletas - e as invejava. Mas, embora seu corpinho já não fosse mais verde e tendesse mais para o marrom, e suas perninhas já não fossem mais tão fortes, a gorda lagartinha ainda não se sentia preparada para enfrentar a escuridão de um casulo.

Então, um dia, a gorda lagartinha que agora era também uma lagarta velha e fraca se sentiu mais fraca ainda. Achou um cantinho no meio das raízes das plantas do seu jardim e permaneceu ali, pensativa. Descobriu então que ficou presa na escuridão a vida inteira porque, embora não tenha sido exatamente infeliz, nunca viveu em sua plenitude. A gorda lagartinha velha descobriu que o medo de ficar presa por pouco tempo na escuridão lhe tirou a liberdade de uma vida inteira voando à luz do sol.

Então, depois de entender tudo isso, aquela pobre lagartinha deu um último suspiro. E morreu sem nunca ter podido voar.

terça-feira, 4 de maio de 2010

30 Anos de Vida e Michael Jackson

Prestes a completar 30 anos, repensando a vida e os caminhos que tomei, tentei evocar minha lembrança mais antiga. A memória mais empoeirada, aquela mais escondida pelas camadas do tempo. E, com certeza, ela tem a ver com o Michael Jackson e o medo que eu tinha do clipe de Thriller.

Lembro de querer assistir ao vídeo, mas já correr quando Michael virava lobisomem. Então, eu retomava a tentativa, para correr desesperada novamente na cena dos zumbis. Mas não desistia. Queria vê-lo.

Muito antiga também é a lembrança que tenho de me “fantasiar” de Michael Jackson, vestindo uma camisa de botão, aberta, sobre uma camiseta de malha, chapéu de palha (era o que eu tinha!) e uma das luvas de um par que, se não me engano, pertencia ao meu tio.

Sim, essas são minhas lembranças mais antigas. É quase como se minha vida tivesse começado ali, quando vi o Michael pela primeira vez. Quase como se ela tivesse ganhado sentido com a primeira impressão que tive dele e o sentimento que ele me despertou.

É engraçado como eu sempre amei aquele cara de um jeito tão verdadeiro e profundo. Mesmo quando era pequena demais pra entender o amor. O que eu sentia por ele era tão forte... Sempre foi assim, mais do que eu podia ou sabia explicar. Até porque foi desde sempre e como uma criança de 3 ou 4 anos explica essas coisas?

Sempre foi como se houvesse uma ligação entre nós, como se isso tudo fosse real e maior do que as palavras podem expressar.

E, certamente que minha família me deu uma excelente educação, mas 90% do que sou hoje devo ao Michael. Ele fez parte da minha formação enquanto pessoa, foi um exemplo pra mim, me ensinou as lições mais importantes, como: amor, respeito, solidariedade, caridade, doçura... Devo ao Michael minhas melhores qualidades.

Devo ao Michael o que sou hoje, o que fui no passado e o que sonho em ser no futuro. Devo a ele meus desejos e aspirações e a força que me move a buscá-los.

Sim, aquela pessoa tão distante e tão estranha na visão de alguns, foi meu alicerce mais forte, foi quem me guiou em momentos de dúvida, foi meu chão.

São 30 anos de vida sendo, pelo menos 26 deles, dedicados ao Michael. Em alguns momentos mais, em outros menos, é verdade. Mas ele esteve sempre aqui comigo, no meu coração.

Hoje acho que posso dizer que o Michael é parte da minha alma.

É a parte que carrego com mais carinho e cuidado. A parte que representa mais de mim. É aquela parte que não quero perder.

Michael, obrigada por ter sido tão importante na minha vida. Obrigada por tudo que me ensinou, pelo o que representou pra mim, por tudo que me ofereceu.

Sem você, eu não seria eu.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A Pulseira

No braço esquerdo, a pulseira me acompanha. Nunca me deixa. Descascada, desgastada, mas sempre ali. Desde aquele dia.

Essa pulseira é você. Ela represente você, porque ela sempre foi sua, mesmo nunca tendo estado em suas mãos. Foi feita pra você, pensando em você e imaginando o seu sorriso ao recebê-la.

Foi feita com o meu amor. E simboliza tudo o que sinto por você, tudo o que desejei, planejei, sonhei. Ela é tudo o que seria se o mundo fosse como eu imaginava.

A pulseira é minha maneira de te levar comigo. É a expressão da sua presença no meu coração, sempre e pra sempre.

É uma pessoa, é um sentimento, é uma dor e é meu conforto.

E é minha sendo sua. E assim estou com você onde estiver, mesmo estando tão distante.

Por isso, a pulseira seguirá comigo, ainda que dela restem apenas cacos de contas esbranquiçadas. Assim como você seguirá em meu coração, ainda que restem apenas lembranças desbotadas pelo tempo.