quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O Bosque

De repente se viu numa floresta escura. A mata era densa, fechada, e a noite já caía. O silêncio era cortado apenas pelo farfalhar das copas das árvores e os sons dos pássaros se ajeitando no ninho.

Poderia se sentir segura, finalmente sozinha. Mas sabia que continuava sendo seguida, embora tivesse perdido a noção dos passos apressados que antes pareciam tão próximos.

Olhou ao redor e não viu nada. Respirou fundo e começou a procurar algum esconderijo onde pudesse passar a noite. O vento frio soprou mais forte e as folhas se agitaram com mais intensidade. Foi então que pensou ter ouvido os passos novamente.

Ouvidos atentos e olhos arregalados, tentando pescar alguma informação no meio do silêncio e da escuridão. Sim, eram os passos. Sim, estavam próximos.

Sem saber o que fazer, começou a correr na direção contrária ao som. Passava por arbustos, pisava a terra, tropeçava em pedras, mas seguia correndo. Seus pés descalços já estavam feridos e os braços carregavam arranhões dos galhos das árvores. Mas o medo era mais forte que a dor, e ela continuou.

Os passos pareciam cada vez mais próximos, enquanto buscava desesperadamente por uma saída. Uma casa, uma estrada, alguém... Mas tudo o que havia além da mata era a lua cheia no céu.

Quanto mais se embrenhava pelo bosque, maior era sensação de que não estava sozinha. Os ruídos aumentavam e, por vezes, pareciam sussurros. A escuridão tomava conta de tudo, cobria como uma manta as árvores, o mato, a terra. Mas ela sentia que estava sendo observada.

Tateando por entre troncos, encontrou um espaço que parecia seguro. Já não ouvia os passos, embora outros sons a deixassem muito mais apavorada.

Sentou-se junto à cavidade de um enorme tronco e parou novamente para observar ao redor. No escuro, as árvores parecem ganhar vida. Com os relances do luar, seus troncos parecem corpos retorcidos e, às vezes, quase é possível ver rostos humanos em suas reentrâncias.

Observou atentamente aquela imagem horrorizante. Parecia estar no inferno, vendo almas desesperadas tentando livrar-se do fogo. Os sussurros continuavam e ela tinha a impressão de que eram lamentos. Quanto mais tentava se distrair, mais altos ficavam.

O som dos passos já não podia ser ouvido. Nem o farfalhar das folhas. Nem os pássaros se ajeitando em seus ninhos. Os troncos das árvores gritavam!

Assustada, pressionava o corpo contra sua árvore. Aquela que pareceu um abrigo. Aquela que ela escolheu como esconderijo.

Quanto mais pressionava o corpo contra a casca dura e áspera do caule, mais calor sentia. A pele ardia e parecia derreter. Tentou levantar, mas seu corpo estava pesado. Os movimentos eram lentos e ela se sentia sugada para dentro daquela cavidade.

Olhou para baixo e já não conseguia ver os próprios pés. Não podia distingui-los na escuridão. Parecia que só havia casca de árvore ali....

Gritou por socorro. No momento de desespero, desejou que o dono daqueles passos a encontrasse. Talvez ele fosse misecordioso o bastante para salvá-la. Mas não. Não havia mais ninguém.

Lembrou do início da noite e desejou que nunca tivesse escolhido fugir para o bosque. Qualquer coisa que ele lhe fizesse seria menos aterrorizante do que o pesadelo que estava vivendo.

Esticou o corpo o máximo que pode e tentou sair dali. Mas foi paralizando, perdendo os movimentos e a sensibilidade. Já não conseguia ver seu corpo, suas roupas, seus braços. Tudo parecia árvore. Apenas ávore. Até que seu rosto foi engolido por uma onda de calor intensa e dolorida.

A visão ficou turva e ela perdeu os sentidos. O calor diminuiu até finalmente se transformar em frio. Ela já podia sentir a brisa noturna novamente.

E, de repente, ali havia apenas uma árvore. Mais uma árvore entre tantas outras que, noite após noite, lamentariam sua dor em sussurros assustadores.


terça-feira, 17 de novembro de 2009

Conto de Terror N° 1

Acordou tonto. Não lembrava de nada e a cabeça doía insuportavelmente. Tentou se mexer, mas não conseguiu. O corpo pesava e ele parecia não ter controle sobre seus membros. Como fora parar ali? Onde estava?

Aos poucos, os olhos se acostumaram com a escuridão e ele reconheceu seu quarto. Estava deitado na cama, fitando o teto. Notou que ainda calçava tênis. Ainda usava a jaqueta de couro com a qual tinha saído.

Conforme ia recobrando os sentidos, flashs de memória apareciam em sua mente. Lembrava de ter saído na noite anterior. Fora a uma festa, numa casa noturna da qual nunca tinha ouvido falar. Coisas de Marcos... Tinha mania de levar os amigos nos lugares mais obscuros!

Engraçado que ele não se lembrava como havia chegado na boate. Só lembrava de estar no lugar... Um lugar escuro, com móveis pesados, cortinas vermelhas, um tanto opressor. Mas havia lindas garotas... Sim, ele lembrava de ter trocado olhares com várias delas! Quando tinha sido a última vez que tantas mulheres lindas tinham lhe dado bola?

As cenas estavam nubladas, como num sonho. Mas ele podia se ver no bar, bebendo. Uma das mulheres se aproximava. Não conseguia lembrar a conversa. Num piscar de olhos já se via num canto afastado, com ela.

A mulher era incrivelmente sensual e o beijava com força, com desejo. Ele se sentia cada vez mais atraído por ela. Prensava seu corpo contra a parede. Sentia a respiração ofegante dela. Estava enfeitiçado.

Não lembrava como tinha saído da boate. Não lembrava como tinha chegado àquele lugar. Pra dizer a verdade, não sabia que lugar era aquele. Só lembrava de ter transado com ela em meio a luz de velas. Muitas velas... E eles pareciam estar num altar. Seria um motel temático?

Ele estava adorando aquilo tudo mas, ao mesmo tempo, se sentia estranho. Era como se estivesse sendo observado. Tinha quase certeza de ter visto vultos passarem pela lateral do salão, mas não sabia dizer. Pensava ter ouvido alguma música ao fundo. Algo como um coral. Realmente parecia um sonho. Mas ele sabia que tinha acontecido.

Então, lembrava de estar num carro, indo pra casa. Não sabia dizer se era um táxi, não lembrava de ter dado o seu endereço. Apenas sentia o balanço do carro e sabia que estava indo na direção certa.

Não fazia ideia de como tinha saído do carro. Sabia que tinha aberto a porta de casa, mas não lembrava de mais nada depois disso.

Então, acordava no meio da noite. Ou já seria dia? A escuridão parecia dar lugar a uma penumbra e ele ia se sentindo mais leve.

Mexeu as pontas dos dedos, olhou para os lados e, pouco a pouco, seu corpo foi recuperando o movimento. A dor de cabeça ainda era lancinante. Estava enjoado e, apesar da tontura, resolveu levantar.

Esfregou os olhos, tomou impulso e levantou. Tateando as paredes, conseguiu chegar ao banheiro. Estava muito enjoado. Lavou o rosto, mas mal conseguia se olhar no espelho. A visão estava turva. O enjoo piorou. Não se conteve e vomitou.

Voltou a lavar o rosto. Ainda se sentia muito mal. Olhou seu reflexo no espelho e tentou descobrir alguma pista do que poderia ter acontecido. Mas não via nada diferente... nada que lhe chamasse a atenção.

De repente, pelo reflexo do espelho, ele teve a impressão de que algo estranho acontecia no vaso sanitário. Onde deveria haver apenas o seu vômito, parecia crescer uma massa disforme e avermelhada.

Girou a cabeça devagar, hesitante, sem saber o que encontraria. Então, chocado, fixou os olhos no vaso. A massa tomava a forma de uma criatura de meio metro, humanóide, magra, com pequenos chifres, dentes afiados e garras enormes.

O pavor tomou conta de seu corpo. Por um momento, sentiu-se paralizado. Mas, no instante em que os olhos vermelhos da criatura encontraram os seus, correu pra fora do banheiro.

O pequeno diabo vinha atrás, e ele só conseguiu pensar em se trancar no quarto. Parecia loucura demais para ser verdade, mas era tão assustador que ele preferiu não duvidar. Nunca havia sentido tanto medo.

Encolhido num canto do quarto, ouviu o barulho das garras roçando contra a porta de madeira. Tremia, suava frio. Estava encurralado. Fechou os olhos e rezou, imaginando ser a única coisa que lhe restava fazer.

A porta rachou. Pedaços foram arrancados e ele apenas ouvia o barulho e imaginava o seu fim. Então, sentiu a criatura se aproximando. Podia sentir sua respiração. Seu cheiro era horrível e ele se sentia cada vez mais apavorado.

Sentiu as garras cravarem em sua pele. Uma dor indescritível o atingiu. E tudo apagou...

- - -

Então, ele acordou. Estava meio escuro e ele se sentia tonto. A cabeça doía, parecia uma ressaca das grandes. Notou que estava deitado em sua cama e sentiu um certo alívio.

Respirou fundo, mas não conseguiu se mexer. Tentou lembrar como tinha ido parar ali, mas flashs confusos da noite anterior eram tudo o que ele tinha. Enjoo, muito enjoo. O drink, a mulher, o altar... Mais enjoo. Estava calçando tênis... estava vestindo a jaqueta...

O carro, a chegada em casa. Estava ficando cada vez mais tonto. A vontade de vomitar crescia... O banheiro, o espelho, a criatura!

O desespero tomou conta de sua mente. Seu coração acelerou.

domingo, 8 de novembro de 2009

This Is It

É isso. É isso mesmo. Michael Jackson é o melhor. Assim, no presente, não no passado. É o melhor porque ele começou boa parte da revolução na indústria da música e do entretenimento. Porque ninguém nunca superou sua genialidade. E porque, vendo o seu último trabalho, mesmo que incompleto, só se pode concluir uma coisa: ninguém nunca vai superar.

Assistir ao filme/documentário sobre os shows que Michael Jackson faria em Londres é uma experiência indescritível. Vê-lo trabalhando, criando, dando o melhor de si e exigindo o melhor dos outros, quase nos faz pensar que não, ele não era humano. Aquele homem não conhecia limitações, medo, insegurança. Era ousado como poucos e brilhante como ninguém.

O filme mostra uma coletânea de cenas extraídas de mais de cem horas de gravação, que intercalam ensaios e bastidores, revelando como seriam os números e um pouco do trabalho por trás das câmeras. Em todos os momentos fica claro quem estava no comando e o nível de dedicação a que um artista pode chegar. Mais do que simplesmente "fazer a sua parte", Michael Jackson analisa e determina cada detalhe do trablho de toda a equipe, sempre buscando o ideal da perfeição.

Infelizmente não se vê na tela nenhum número completo. Não há ensaios com figurinos e Michael assumidamente poupa a voz e o corpo para o grande momento. Mas, por incrível que pareça, esses detalhes não fazem diferença. O homem desacreditado, derrotado, o doente que não seria mais capaz de cantar e dançar prova-se nada mais do que um mito cruel criado pela imprensa. O que vemos é uma pessoa forte, saudável, feliz e satisfeita. Um cantor com uma voz linda e afinada e um dançarino com energia para muito mais do que cinquenta shows. Enfim, o que vemos no vídeo é o Michael Jackson de sempre.

E os efeitos especiais... Os figurinos (que aparecem rapidamente)... Os cenários... Tudo perfeito, criado para surpreender, inovar e deixar o mundo boquiaberto, bem no estilo que consagrou Michael Jackson. Se incompleto This Is It já se mostrou uma experiência fantástica, quando pronto certamente seria o melhor show de que já se teve notícia. Dificilmente seria superado e certamente jamais seria esquecido.

O filme, considerado por muitos um caça-níqueis, para mim é uma declaração de amor. Uma homenagem de uma equipe que teve o privilégio e a honra de trabalhar com o Rei do Pop. Uma demonstração de gratidão de pessoas que conheceram e conviveram com o homem por trás do mito. E que, como é possível ver claramente, se apaixonaram por ele.

Porque Michael Jackson era assim, apaixonante. Exigente porém extremamente educado. Cativante com seu jeito infantil. Intrigante com sua sabedoria e genialidade. Surpreendente com sua bondade. Era um ser humano extraordinário. E, sem sombra de dúvidas, era um artista completo.

Por tudo isso This Is It é um tapa com luva de paetês na cara dos críticos. Que, por sinal, tem se rendido aos encantos do Rei do Pop e se deliciado com sua arte...

Então é isso: o tempo vai passar e, mesmo que seja apenas em nossas lembranças, Michael Jackson sempre será o melhor. Sempre será Rei.

domingo, 26 de julho de 2009

Coração

O coração não estava partido... ele estava em pedaços. Em minúsculos caquinhos espalhados pelo chão. Juntá-los foi difícil. Encontrar cada pedacinho e então encaixá-los novamente. O trabalho foi como montar um quebra-cabeças... e foi demorado... lento... levou tempo.

Então, finalmente, todos os pedacinhos estavam juntos e aquele emaranhado de cacos tinha novamente o formato de um coração. Mas faltava algo... bem no meio, bem no centro do coração, havia um grande buraco. Um branco, um vazio.

Mas não adiantava procurar por aquele pedaço, porque ele havia se perdido para sempre... E era preciso aprender a viver assim.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Michael Joseph Jackson [29/08/1958 - 25/06/2009]

Querido,

Durante toda a minha vida acompanhei seu trabalho, sua carreira, seu sucesso, sua luta. Estive contigo em todos os momentos, celebrei suas vitórias, sofri suas derrotas. Sorri os seus sorrisos e chorei as suas lágrimas.

Tornei-me sua fã ainda muito pequena, logo que tomei conhecimento da sua existência. E ali, naquele momento, de uma forma louca e mágica, minha vida se misturou com a sua. Desde aquela época eu tinha a sensação de te conhecer e parecia certo que um dia nos encontraríamos. Era como se nossas vidas estivessem de alguma forma ligadas, por mais impossível que isso parecesse.

Por isso, Michael, posso dizer que você também sempre esteve comigo. Esteve no meu coração, nos meus pensamentos, nos meus sonhos. Fez parte da minha alma e da minha vida. Me fez feliz, mesmo sem saber, com suas músicas, suas danças, sua arte... ou apenas com sua existência.

Você não foi apenas um ídolo, você foi um exemplo. Sempre te vi como um ser humano maravilhoso, dono de um coração puro e cheio de bondade. Uma pessoa forte, corajosa, batalhadora. Alguém que ousava sonhar e ser quem era. Alguém que me ensinou muito.

E durante esses 24 ou 25 anos, foram tantos os sentimentos... e minha vida acabou pautada pela sua... e você se tornou muito mais do que um ídolo. Você foi para mim algo como um amigo distante, de quem eu nunca tinha notícias, mas a quem eu amava, respeitava, admirava. E, apesar de me dizerem que era “coisa de adolescente”, tudo isso só se fortaleceu com tempo.

E então chegou o dia de pensar a minha vida sem você.... E eu não tenho palavras para descrever a dor de te perder. O vazio que invade o meu coração, a dormência na minha alma. A vida perde um pouco do sentido sem você...

A ferida é profunda e a dor beira o insuportável... Mas você me ensinou a ser forte, a erguer a cabeça e enfrentar os desafios e, portanto, prometo lutar e seguir em frente. Prometo honrar o seu nome e o seu legado, manter sua arte viva através da história e perpetuar suas lições de amor.

Sou sua fã para sempre e para sempre te amo.

Agora, querido, descanse em paz. Deus te abençoe e te guarde. Um mundo de luz te espera e você há de encontrar o amor que tanto buscou.

E, quando se sentir só entre as nuvens, não esqueça de olhar para baixo... Os dias, meses e anos podem passar, mas estarei sempre com você.

Te amo!


sábado, 13 de junho de 2009

13 de Junho

Há exatamente quatro anos, Michael Jackson era inocentado das mais terríveis acusações que já sofrera. Depois de um longo e doloroso processo, de humilhações públicas e problemas de saúde, o pesadelo chegava ao fim.

O veredito não marcou apenas o final de um julgamento sem propósito, mas encerrou uma fase na vida de Michael. Ao longo dos anos, a má orientação de seus assessores somada à pressão de ser o maior astro vivo, fizeram com que Michael cometesse vários erros. Infelizmente, é preciso admitir que o seu maior pesadelo foi resultado de um caminho que ele mesmo trilhou.

Mas Michael foi inocentado e pôde respirar em paz. Finalmente confrontado com a dura realidade do mundo, ele pôde repensar sua vida.

Lembrando daquele 13 de junho, fica bastante óbvio que o processo de mudança foi doloroso. Michael deixou a corte com um ar cansado e, porque não dizer, derrotado. Acredito que ali, naquele momento, ele se deu conta de que, para acordar de vez deste pesadelo, ele teria que mudar.

O tempo passou e Michael continuava a aparecer triste e magoado nas fotos. Mas uma tranformação era visível, mesmo que discreta e gradual.

Michael tomou o tempo que precisou. Não forçou a barra, não se antecipou, não meteu os pés pelas mãos como fez antes, em algumas ocasiões. Ele esperou a ferida cicatrizar para ir novamente à luta.

Então, quatro anos depois, um Michael forte e maduro aparece e anuncia ao mundo uma série de shows. O mundo pára pra ver o tão esperado anúncio ser transmitido internacionalmente. O mundo compra os ingressos para os shows, esgotando-os em dois dias.

Hoje, quatro anos depois do veredito, Michael renasce. Uma nova pessoa, uma nova vida, uma nova história.Um recomeço celebrado inclusive por aqueles que tentaram destruí-lo.

Hoje, Michael apaga as dores e fracassos de seu passado e reescreve sua história, reafirmando seu sucesso e retomando o posto que sempre foi seu: Rei do Pop.

E, para os descrentes, o maior gênio vivo hoje ainda tem uma bonita lição: com fé, coragem e força, é possível chegar aonde nem imaginávamos.

Não importa o que aconteça, não importa o quanto tentem machucá-lo, o quanto tentem derrubá-lo. Michael sempre vai levantar, erguer a cabeça e, com o orgulho de quem tem consciência da realidade, vai retomar seu caminho de onde parou. Porque ele é indestrutível.

domingo, 31 de maio de 2009

O Problema do Twitter

Sempre senti que tinha muito a dizer e poucas oportunidades de falar. Este foi um dos motivos que me levaram a criar um blog, um espaço para contar as minhas histórias e expor minhas reflexões.

Mas, um dia, me dei conta de que o blog não era suficiente. Às vezes, eu só tinha vontade de dizer uma frase. Às vezes, eu queria ser super informal ou até mal educada mesmo. Às vezes eu não queria escrever um texto legal, com uma lição de vida ou um pensamento bonito. Queria apenas escrever uma besteira qualquer que estivesse passando pela minha cabeça no momento.

Foi aí que descobri o Twitter. Perfeito para textos curtos, de uma ou duas frases. E resolvi criar um espaço informal, para escrever qualquer coisa. E, no começo, foi muito divertido. Não dava vontade de parar de escrever todos os pensamentos que me ocorriam. Tive que me controlar.

Mas aí o Twitter tem aquela história de “seguir” e eu só tenho duas pessoas me seguindo, que são parte da família e isso não tem tanta graça. Queria mais amigos me seguindo e me deparei com uma oportunidade. Como boa fã do Michael Jackson que sou, freqüento um fórum de discussão internacional sobre ele. E ali alguém criou um tópico para que trocássemos contatos, inclusive Twitter. Me empolguei.

Saí procurando a galera e adicionando todo mundo. Estou seguindo umas dez pessoas agora. Já estava ficando super feliz quando me deparei com um pequeno problema: eles falam inglês!

Primeiro, resolvi postar apenas algumas coisas em inglês. Depois, tive a ideia de fazer postagens duplas, sendo uma em português e outra em inglês. E então me dei conta de que isso seria bem chato, até porque a segunda postagem, traduzida, não seria tão honesta quanto a primeira. Enquanto refletia sobre a questão, cheguei a considerar cancelar minha conta no Twitter.

Hoje cedo eu resolvi que ia postar em inglês só quando me desse vontade. Mas agora à noite, olhando para o meu perfil, tomei a decisão final: apaguei os antigos posts em inglês e, de agora em diante, só posto em inglês se for pra falar especificamente com alguém. Fora isso, é português! Fica decidido assim. Pelo menos, até eu mudar de ideia outra vez...

E, enquanto isso, vou testando trezentas combinações de cores para criar a identidade visual do meu Twitter. Já estou na quarta versão e algo me diz que a coisa ainda não acabou. Não é à toa que, assim como este blog, o endereço dele é euachoquejasei...

sexta-feira, 29 de maio de 2009

(Re)Conhecendo Velhos Amigos

Não sei bem como tudo começou... Lembro de um dia, em que uma amiga minha do colégio, com quem mantenho contato bem próximo até hoje, me ligou. Ela me disse que uma outra amiga do colégio estava marcando de ir num barzinho, onde aconteceria a “Segunda-Feira Esotérica” ou algo assim... Uma promoção onde, quem consumisse uma caipirinha, ganhava direito a uma consulta de tarô, numerologia ou búzios.

Esta outra amiga, com quem também mantenho contato até hoje, estava convidando dois amigos do colégio, com quem eu havia perdido contato há muito tempo. Um deles havia sido um amigo muito próximo, mas a vida acabou nos separando e nunca mais nos falamos.

Achei a ideia toda muito divertida e resolvi ir. Conversamos muito, bebemos, rimos, nos divertimos. Algumas das meninas se consultaram com os “especialistas esotéricos”. Eu preferi não arriscar. Mas, enfim, foi uma noite e tanto! Em plena segunda-feira!

O tempo passou e recebi um e-mail dessa galera, querendo marcar um encontro de ex-alunos do colégio, reunir todo mundo, relembrar os velhos tempos. A coisa começou meio tímida, muita gente mal se conhecia e outros nem lembravam dos antigos colegas. Mas o encontro foi marcado e lá fui eu...

Marcamos num barzinho e eu cheguei lá toda tímida, achando que ninguém ia lembrar de mim. Pois é, nos tempos do colégio eu era praticamente uma planta, não falava com quase ninguém, não saía com a galera, ficava mais com a minha panelinha e olhe lá. E, além disso, o encontro foi marcado com um povo que estudou junto desde o CA e eu só entrei no colégio na antiga 5° série. Ou seja, tinha gente ali que eu realmente não conhecia.

Mas, apesar de terem ido apenas sete pessoas, a noite foi maravilhosa. Bebemos muito, conversamos, lembramos de vários casos dos tempos do colégio, matamos a saudade... E aí deu aquela vontade de repetir. Nos despedimos prometendo fazer desses encontros uma tradição e decidimos marcar o próximo para duas semanas depois.

Mais e-mails convidando o povo, debates para encontrar o melhor lugar, e o segundo encontro foi confirmado. E dessa vez foram doze pessoas! E foi mais divertido ainda... Mais lembranças, mais fotos, mais conversa, mais pessoas para lembrar e conhecer.

Na despedida, mais promessas de outros encontros e até um churrasco começou a ser cogitado. Acho que a moda pegou mesmo...

É engraçado como a gente pode, às vezes, se sentir tão à vontade no meio de pessoas que mal conhecemos... Como é gostoso reconhecer pessoas, dar uma segunda chance àquelas amizades que não aconteceram sabe-se lá por quê. E, claro, conhecer pessoas novas...

Que esses encontros aconteçam aos montes e cresçam cada vez mais... Que antigas amizades possam ser retomadas e novas amizades possam surgir. Afinal, nada melhor do que colecionar amigos.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Será Que Ele É?

Uma vez, há algum tempo atrás, saí com umas amigas. Fomos numa festa, num casarão em Botafogo, para comemorar o aniversário de uma delas.

Eu tinha ficado solteira recentemente e fazia muito tempo que não saía. Estava muito empolgada e com aquela vontade de aproveitar a vida de quem ficou “presa” por alguns anos.

O lugar não fazia muito o meu estilo, as pessoas eram um tanto “alternativas” pro meu gosto e eu não estava me divertindo tanto quanto imaginei. Até que, olhando ao redor, bato os olhos num sujeito não menos que lindo. Alto, louro, corpo perfeito, um sorriso de derreter qualquer um...

Durante toda a noite fiquei de olho no cara. Ele parecia ser uma simpatia de pessoa, parecia conhecer bem o lugar, como se trabalhasse ali ou freqüentasse muito. Mas a minha amiga que conhecia aquele lugar, a aniversariante, estava afastada, entretida com os outros convidados, e acabei não conseguindo perguntar sobre ele.

A noite passou, dancei, conversei, comi, bebi, me diverti. E não tirei os olhos do tal cara... Mas absolutamente nada aconteceu. Ele ficou lá, cercado de mulheres, dançando, conversando, rindo.

Eu nunca fui de ficar encarando ninguém... Não levo jeito pra isso e, sinceramente, não me agrada a ideia de ficar com alguém desconhecido. Mas naquele dia estava me sentindo à vontade para olhar... Olhar não tira pedaço, né?

Fim de festa, ligamos para pedir um taxi e ficamos sentadas num banco esperando. A aniversariante finalmente apareceu e sentou pra conversar com a gente. Tive a chance de perguntar se ela conhecia o tal cara e descobri que sim, ela conhecia mais ou menos, já o tinha visto ali algumas vezes.

- Ele é lindo! – eu disse.

- Quem? O fulano? – ela perguntou.

- É, ele é lindo demais... Você podia me apresentar a ele...

- Ah, ele é gay...

domingo, 24 de maio de 2009

Minha Vida É Uma Comédia

As coisas sempre aconteceram na minha vida da maneira mais estranha que poderiam acontecer. Não necessariamente de uma maneira ruim, não que eu não tenha atingido vários objetivos, não que eu não tenha tido sucesso. Apenas vivi situações e experiências estranhas e, porque não dizer, cômicas, para conseguir minhas conquistas.

Em 2007 fiz concurso para o Banco do Brasil. Emprego é uma coisa difícil de se conseguir e estabilidade, então, nem se fala! Estava focada em concursos, fiz vários, passei em alguns, me classifiquei em poucos, até que consegui uma colocação relativamente boa no Banco do Brasil. Pela primeira vez estava no páreo. Sabia que seria convocada.

Boatos de programas de demissão voluntária e aposentadoria corriam por aí e o papo no cursinho era que, quem fosse aprovado, seria convocado rapidamente. Aprovada entre os cem primeiros, imaginei que dentro de seis meses estaria trabalhando.

E aí o tempo passou. As convocações até que começaram bem, mas foram esfriando e chegaram ao ponto de somarem duas por mês. Eu não podia ficar de braços cruzados esperando, e resolvi seguir com a minha vida.

Então, dois anos depois do concurso, surge a oportunidade de realizar um dos meus maiores sonhos: ir a um show do Michael Jackson. Detalhe: em Londres.

Desempregada e sem previsão de ser chamada no banco, decidir agarrar essa oportunidade com toda força. Comprei ingresso, planejei a viagem, me joguei de cabeça.

Eis que, tudo certo com a viagem, adivinhem?! Sim, o banco me convoca! Assim, sem mais nem menos... de surpresa... quando eu não esperava. Dia 18 de maio de 2009 fui convocada. Minha vida é uma comédia.

Graças a Deus comédias não são trágicas e os seus finais são geralmente felizes.

Como sempre aconteceu nas outras vezes, uma solução apareceu. Aliás, duas soluções: posso tentar adiar minha posse para depois da viagem ou posso tirar uma semana de folga, pois tenho direito a cinco faltas no ano, caso já esteja trabalhando. Enfim, se Deus quiser, tudo vai dar certo.

Mas certamente outras situações acontecerão... Afinal, comédia boa não acaba nunca.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O Sonho Da Minha Vida

Todo mundo tem sonhos. Alguns mais ousados, outros mais contidos. Alguns correm atrás, fazem de tudo para conseguir o que querem. Outros abrem mão da luta em nome da tranquilidade ou de outros motivos que, acreditam, são válidos.

Eu sou do tipo de pessoa que tem sonhos ousados. Aliás, sonhos loucos, impossíveis, inexplicáveis. E sou do tipo de pessoa que corre atrás. Acredito com todas as minhas forças que vou realizar os meus maiores sonhos antes de morrer. E vou à luta.

Entre os sonhos mais simples, desejo coisas que podem parecer insignificantes até demais para as outras pessoas ou que não fazem o menor sentido, mas que são suficientes para me fazer sentir realizada.

Um dos meus sonhos non sense era tocar num mico. Ok, tudo bem, eu sei que dá vontade de rir ler isso assim, no meio de um texto supostamente sério. Mas eu amo animais e sou daquelas pessoas que precisa pegar, sentir... Se vejo um gato ou um cachorro na rua, tenho que me controlar para não correr até eles e fazer um cafuné! Ora, micos não fazem parte do meu cotidiano e talvez por isso fossem as grandes estrelas de um dos meus sonhos...

Pois bem, há uns dois ou três anos realizei o sonho de acariciar um mico. Pode parecer muito pouco para vocês, mas para mim foi uma realização. Fiquei muito feliz!

É, eu sou assim. Coisas insignificantes me fazem extremamente feliz.

Mas eu também tenho os meus sonhos mais responsáveis, digamos assim... Sonho em ter uma casa grande, com quintal, e adotar alguns bichos e crianças para viverem comigo. Sonho em me doar para aqueles que realmente precisam, dar uma vida feliz e confortável para aqueles que uma vez foram abandonados. Acolhê-los.

Se eu conseguir um emprego que me possibilite realizar este sonho, isso me fará bastante feliz também.

Agora, além dos sonhos simples e dos grandiosos, tenho os sonhos loucos da minha vida. (Não, o do mico não era um sonho louco). Aliás, eu poderia dizer que é O sonho da minha vida, dividido em dois estágios: ir a um show do Michael Jackson e conhecê-lo pessoalmente.

Sim, esse é o sonho de todo fã. E sim, eu sou fã do Michael Jackson. Mas a diferença talvez esteja no fato de que eu acredito, sempre acreditei, que o sonho da minha vida se tornaria realidade. Sempre vivi e agi como se isso simplesmente fosse acontecer, mais cedo ou mais tarde.

Ir a um show é relativamente simples, basta que o artista faça o show. O Michael faz poucos shows, mas em algum momento eu poderia ter essa oportunidade. Mas conhecer o seu ídolo pessoalmente não é para qualquer um. Por isso que digo que meus sonhos são ousados... e eu ouso sonhá-los.

Pois estou prestes a realizar o primeiro estágio do “sonho da minha vida”. O Michael Jackson vai fazer uma série de shows em Londres e eu comprei o meu ingresso para o dia 16 de julho deste ano!


Virei a noite acordada para conseguir o ingresso, enfrentei problemas, pedi dinheiro emprestado, vou ficar pobre quando voltar... Mas eu não iria abrir mão dessa oportunidade. Nunca. Porque quando a gente deseja muito uma coisa, a gente precisa agarrar as chances que aparecem.

Agarrei minha chance e estou no meio dos preparativos para a viagem. Em julho deste ano me tornarei uma pessoa muito mais feliz e realizada. Agora falta a segunda parte..

Planejei – e continuo planejando – mil maneiras de chamar atenção do Michael caso o encontre lá em Londres... Vou levar presentes, cartas, talvez uma faixa... Sei que será muito difícil ficar frente a frente com ele e, mais ainda, ter a chance de trocar algumas palavras. Mas eu nunca abri mão dos meus sonhos e não é agora que eu vou desistir.

Eu tenho fé e vou lutar. Torçam por mim.

quinta-feira, 26 de março de 2009

O Colar Impossível

Outro dia, decidi que queria um colar... Bijouteria mesmo, simples, mas que pudesse enfeitar aquelas blusinhas sem graça que a gente sempre tem no armário.

O colar devia ser longo e de contas. Devia ser de uma cor neutra que combinasse com a maior parte das minhas roupas. Mas tinha que ser vibrante, alegre, ou ter um toque diferente, pelo menos.

Saí à procura do colar e encontrei várias peças muito bonitas. Encontrei colares com flores de pano, com contas bem grandes, colares com fitas amarradas e colares feitos de corda. Todos lindos. Mas nenhum era o que eu tinha em mente.

Resolvi, então, fazer o meu próprio colar. Sempre gostei de fazer bijouterias e, assim, não teria erro. Era só comprar o material e fazer o que eu queria, do jeito que eu queria.

Comprei contas diversas, miçangas, pérolas falsas de cores variadas. Juntei tudo com o material que já tinha, com a coleção de pedrinhas e correntes que acumulei ao longo dos anos. Peguei minha caixa de material, sentei na cama e comecei a combinar as peças...

O tempo passou e... nada. Nenhuma das combinações me agradou, embora eu tenha produzido peças inegavelmente bonitas. .

Isso me fez pensar... Eu vi colares lindos nas lojas que visitei e fiz outros muito bonitos com o material que escolhi. Mas nada do que vi ou fiz chegou aos pés do meu colar ideal.

Às vezes, idealizamos as coisas, criamos imagens em nossa mente sobre como algo deve ser, como se existisse perfeição e fosse uma coisa natural encontrá-la.

Criamos essas ideias em nossas mentes como se existisse um modelo perfeito para uma situação, pessoa ou objeto e o perseguimos como se fosse real e atingível. Mas acontece que as coisas nunca são como nós desejamos. Elas são como são. Toda situação tem um lado ruim, toda pessoa tem defeito, todo objeto tem um problema. E aí, não importa o quão boa seja a situação, pessoa ou objeto, nunca ficamos satisfeitos.

É impossível encontrar o buscamos quando buscamos um ideal.

É uma delícia encontrar o que buscamos quando buscamos a realidade e, com ela, todas as suas limitações e imperfeições. Porque toda situação tem um lado bom, toda pessoa tem uma qualidade, todo objeto tem uma utilidade.

Por causa de um simples colar me dei conta de que é impossível encontrar ou criar exatamente o que quero. Mas que preciso procurar o que quero nas coisas que existem e são reais.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Eu Quero Um Marido Rico

Eu quero um marido rico...

Quero um marido que me dê uma vida confortável. Que me dê uma casa grande, com jardim, onde meus gatos e cachorros tenham espaço para brincar. Quero ter vários empregados e não precisar fazer nada.

Quero um marido que tenha carro. Que me leve pra passear. Que me leve ao teatro, ao cinema, a shows, aos melhores restaurantes. Quero ter um motorista para me levar às compras e aos programas em que eu não estiver acompanhada de meu marido.

Quero que ele me leve pra viajar. Que me leve para conhecer o mundo e me hospede nos melhores hotéis. Quero fazer cruzeiros, conhecer lugares exóticos, viajar de primeira classe.

Quero ganhar jóias de presente, roupas de grife. Quero flores caras e chocolates finos quando ele chegar do trabalho. Quero que ele banque mil tratamentos de beleza, cirurgias plásticas, academia e todas as futilidades que eu desejar.

Quero um marido que tenha grana para realizar todos os meus sonhos.

Ah, qual o problema de querer um pouco de conforto? Se é para sonhar...

Eu quero um marido rico!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Um Churrasco, Algumas Cervejas e A Revelação

Outro dia fui a um churrasco. Uma amiga quis comemorar uma realização pessoal e decidiu chamar pessoas queridas para celebrarem com ela. Fui convidada com um grupo de amigos.

Sabe, eu até gosto de churrasco... Mas aquele clima de pagode, funk, sol, calor... Bom, nunca foi exatamente "a minha praia". Mas já fui a alguns churrascos. Já ofereci um churrasco na minha casa. E, claro, não recusei o convite da minha amiga.

Estava animada quando saí de casa, mas meio receosa do que poderia encontrar. Afinal, se eu já sou meio quieta quando estou entre conhecidos, imagina num lugar onde não conheço nem a metade das pessoas?!

Cheguei lá meio tímida. Sentei com o meu grupo de amigos e comecei a conversar e a beber. Tiramos fotos, brincamos, mas eu estava sempre com o meu grupo. Estava segura, no meio de amigos.

Até que, lá pelas tantas, minha amiga resolve pedir pro DJ tocar Michael Jackson e me arrasta pra "pista de dança"! Só que, embora seja fã enlouquecida, eu simplesmente não consigo dançar nem parecido com ele. O máximo que faço é "arranhar" um moonwalk. Nem o nível de álcool no meu sangue foi suficiente para uma performance digna de fã. Fui sentar um pouco mais tímida do que antes.

Só que o tempo foi passando, minhas amigas foram ficando cada vez mais animadas (alcoolizadas) e estavam se divertindo demais! Dançando, brincando, tirando fotos, gravando vídeos... E eu, sentada, conversando e bebendo, fui ficando cada vez mais alcoolizada (bêbada).

De repente, no meio do maravilhoso set de funk que o DJ estava tocando (desculpem a ironia, mas eu odeio – ou odiava – funk), toca o que??? "Creu"!

É aí que, de forma totalmente inesperada, meu amigo tão tímido e quieto (e bêbado) quanto eu, que estava conversando comigo, agarra o meu o braço e, com um sorriso enorme e todo o entusiasmo do mundo, diz:

- Ai, Rê, vamos dançar "Creu"??

Em questão de segundos avaliei todas as possibilidades. Pensei, analisei, raciocinei. Mas não adiantou muito por causa do álcool. E então, adotando a melhor filosofia de todas, decidi: f***-se, vou dançar!

Levantamos e corremos pra pista, pra delírio geral.

Daí em diante, melhor nem comentar. Desci até o chão, rebolei, sambei. Fiz coisas que nunca me imaginei fazendo. Tipo assim, sempre foi uma coisa um tanto impossível de imaginar.. Eu? Dançando funk? E gostando?

E então, no meio de gargalhadas e cervejas, percebi que a diversão é muito mais importante do que preconceitos. Que não há nada como estar cercada de amigos e pessoas de alto astral, aproveitando cada segundo e se deixando levar pelo momento.

Pode ser dançando, cantando ou jogando algum jogo. Quebrar barreiras internas, livrar-se dos nossos medos, ligar o f***-se e ir se divertir, não tem preço.

Eu fui uma criança extremamente tímida e fui me libertando deste fantasma aos poucos. Faltam poucas correntes me prendendo, mas neste churrasco, com certeza, arrebentei várias.

Minha amiga quis comemorar uma realização pessoal e, no meio da festa dela, encontrei parte da minha.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O Problema Das Roupas...

Meu armário está cheio de roupas. Tão cheio que, a cada vez que vou pegar ou guardar uma peça de roupa, faço um esforço enorme para não amassar as outras. Tão cheio que, mesmo com todo o cuidado do mundo, as roupas acabam amassando só por estarem ali. Enfim, eu tenho que assumir que tenho muitas roupas. Também tenho muitos sapatos. Mal tenho lugar para guardá-los e muitos pares ficam equilibrados sobre os outros na sapateira. Tenho muitos acessórios, muitos brincos, anéis e colares. Não deveria ter problemas para me arrumar e sair.

O problema é que, não importa quantas roupas, sapatos e brincos eu tenha, quando eu vou me arrumar, nenhum deles parece apropriado. As calças ficam apertadas, as blusas não combinam, a sandália faz bolha no pé... Não tenho o tipo de roupa que a ocasião pede. Não tenho o tipo de roupa que o clima pede. Não tenho o tipo de roupa que gostaria de ter. E por aí vai...

Parece mágica essa coisa que acontece no armário das mulheres... As roupas são lindas e perfeitas na loja. Você experimenta, se olha no espelho, e constata que o vestido caiu como uma luva. Paga o preço que for preciso para ter aquela peça-chave, que você imagina usar em mil ocasiões. Mas quando chega a hora H...

- Nossa, como eu não reparei que esse vestido me deixa barriguda???
- Meu Deus, olha a minha bunda! Esse vestido marca todas as minhas celulites!
- Não acredito que não tenho uma sandália que combine!!!
- Ah, esse vestido definitivamente pede um colar... Mas nenhum dos que eu tenho fica bom...
- Se a festa fosse na beira da praia, até servia. Agora, como eu vou assim para uma boate?

E por aí vai...

Enfim, as variações são muitas, mas a idéia básica é a mesma e se resume, geralmente, em duas opções: ou a roupa não veste tão bem quanto a gente pensou, ou ela simplesmente não combina, seja com os acessórios, seja com a ocasião, seja com o nosso humor.

E tem a questão do estilo também... A gente resolve que vai ter um look próprio, criar uma coisa mais personalizada. Digamos que a escolha seja por um estilo mais fino, mais elegante... Investimos todo nosso dinheiro no novo look e ficamos felizes e satisfeitas com aquele guarda-roupa lindo, de artista de novela. Aí chega a hora de levar o cachorro para passear, ou de comprar um pão na padaria, até mesmo de ir na casa de um parente que mora "ali do lado". Para nossa surpresa, não temos roupa! Temos pijamas, temos roupas de festa, temos roupa de trabalhar... mas esquecemos da roupa de passear com cachorro!

Moral da história, viramos consumistas. Afinal, se compramos aquela linda batinha de malha, toda estampada, precisamos de uma calça jeans clara, para combinar. Quando encontramos a calça jeans, percebemos que ela é mais comprida e tem a boca mais larga do que estamos acostumadas e iniciamos a caçada pela sandália com o salto adequado. Achamos uma linda sandália prata velha, mas os acessórios que temos em casa são dourados. Como a bata pede um cordão longo, temos que comprar um prateado, para não contrastar muito com a sandália que, por sinal, é uma plataforma de cortiça e, portanto, pede uma bolsa clara. Então, depois de rodar o shopping inteiro e gastar tudo o que podíamos e não podíamos, vamos para casa com a ilusão de ter a roupa perfeita para o evento que estávamos planejando. Até que chega o dia e a história de alguns parágrafos acima se repete. A calça fica apertada, o decote da blusa fica esquisito, a bolsa é muito pequena ou muito grande. Ou então o tempo esquenta tanto que não conseguimos imaginar sair de casa de calça jeans.

Sim, acho que existe uma coisa mágica no nosso guarda-roupa... Uma energia capaz de transformar todas as peças perfeitas em coisas horrorosas e impossíveis de vestir. Um monstrinho que muda tudo e faz com que nada combine. Só pode ser...

Ou é só comigo???

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Aos Meus Anjinhos


Um dia eu pedi a Deus felicidade e Ele me emprestou cinco anjinhos.

Não vieram todos de uma só vez.

Em 1992 encontrei a primeira anjinha, minha gatinha Suki. Em 1993, ela me deu mais uma anjinha, a Kika. E em 1994, Kika, por sua vez, me deu mais quatro anjinhos, Dudu, Sarah, Tinna e Kelly.

No mesmo ano, Kelly acabou indo iluminar a vida de outras pessoas, mas os outros cinco anjinhos ficaram comigo.

Desde 1992 sou uma pessoa indiscutivelmente mais feliz. Deus me deu uma felicidade pura e verdadeira através da convivência com os meus gatos.

Durante todos esses anos, vivi momentos de alegria indescritíveis. Compartilhei com meus filhotes esse amor inocente e sincero que só os animais são capazes de transmitir, e fui muito feliz.

Mas o tempo passou... E Deus pediu de volta três dos meus anjos.

E eu, que sempre reconheci o quanto eles são especiais, percebo isto ainda com mais clareza cada vez que um deles parte.

Talvez por isso tenha sentido necessidade de escrever este texto...

Amo meus filhos incondicionalmente. Amo meus filhos com todo o meu coração.

Eles são meus tesouros, meu orgulho, minha felicidade, minha vida.

E todos eles, mesmo depois de partir, continuarão vivendo nas minhas lembranças e morando no meu coração.

Sou muito grata pela oportunidade de conviver com criaturas tão especiais.

Suki, Kika, Dudu, Sarinha, Tinninha... mamãe ama muito vocês! E para sempre!


Obs: Este texto foi escrito após o falecimento de Dudu, o terceiro anjo a partir, em agosto de 2008. Kika e Sarinha permanecem iluminando a minha vida.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O Homem Perfeito

O homem perfeito não precisa ser lindo. Aliás, ele não precisa nem ser bonito. Basta cuidar da aparência e ter alguma vaidade. Estar sempre limpo, perfumado e bem vestido já é suficiente.

O homem perfeito não precisa ser rico. Mas ele precisa saber lidar com dinheiro e, se não tiver o suficiente, precisa ter ambição para ganhar mais. Ele precisa reservar um pouco para gastar com a gente, para fazer pequenas gentilezas.

O homem perfeito não precisa ser um intelectual. Um pouco de cultura é o suficiente. Mas ele precisa querer aprender sempre mais. Precisa buscar aumentar seus conhecimentos e aproveitar todas as oportunidades de adquirir saber.

O homem perfeito não precisa ser um cavalheiro à moda antiga. Mas ele precisa saber que alguns pequenos gestos podem fazer uma grande diferença. Ele pode abrir a porta do carro ou puxar a cadeira para a gente de vez em quando.

O homem perfeito não precisa ser um gênio que compreende as mulheres em toda a sua complexidade. Mas ele deve saber interpretar um olhar. Ele deve saber a hora de não questionar e de não insistir. Ele deve ter tato e bom senso para lidar com o que não consegue entender.

O homem perfeito, na verdade, não precisa ser perfeito. Ele só precisa ser o melhor que puder, e tentar poder ser sempre melhor.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O Marido e O Cafajeste

Segundo uma grande amiga minha, toda mulher tem um cafajeste em sua vida. Aquela paixão arrebatadora, que não esquece nunca, mas que não dá em nada porque o cara simplesmente não presta.

O cafajeste é aquele cara que sabe seduzir. O cara que é tudo com o que sempre sonhamos. Que tem um corpão, um bom papo, uma boa pegada. É aquele que nos derrete só com o olhar, que faz nosso coração disparar apenas com o som de sua voz.

Às vezes, nem precisamos nos envolver com o cafajeste. Ele pode não passar de uma paixão platônica. Às vezes, nos envolvemos tanto que acreditamos que ele é o homem da nossa vida. Mas, de qualquer maneira, ele deixa uma marca e nunca esquecemos dele. Sofremos e choramos por ele durante anos e anos. E sempre pensamos que, se esbarrássemos com ele por aí, seríamos capazes de qualquer loucura.

Mas o marido, aquele ao lado de quem acabamos passando o resto de nossas vidas, geralmente não é uma grande paixão. É um sentimento mais suave e, ao mesmo tempo muito mais sólido. Ele vai surgindo aos poucos, às vezes tão frio quanto uma amizade. Mas a confiança, o respeito, a admiração e a sensação de estabilidade vão construindo o amor que nos faz querer aquela pessoa ao nosso lado para sempre.

Algumas mulheres podem se apaixonar pelo marido. Mas nunca será como a paixão sentida pelo cafajeste. O marido não faz seu mundo girar nem virar de ponta cabeça. Pelo contrário, ele mantém o seu mundo em ordem, e é por isso que você escolhe casar com ele.

O cafajeste será a paixão da vida de toda mulher. Mas toda mulher pode casar com o amor de sua vida.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Minha Amiga BBB

Tenho uma amiga que é a cara do Big Brother Brasil. Ela é linda, loura, simpática, engraçada, escandalosa e mais um monte de adjetivos que combinam com quem, como ela, quer ser famoso. E, desde que a conheço, ela diz que sonha em participar do BBB. O problema é que ela nunca se inscreve...

Minha amiga é daquele tipo de pessoa capaz de parar o trânsito. Quando ela chega em algum lugar, não há como não notar sua presença. Ela fala com todo mundo, brinca, faz palhaçada. Mas também é brigona às vezes. Ela mesma brinca, dizendo que é do tipo "ame ou odeie". Se entrasse naquela casa, ficaria até o final ou seria expulsa no primeiro paredão. Oito ou oitenta.

Na época em que começaram as seleções para o BBB 9, sempre brincávamos que qualquer pessoa na rua poderia, na verdade, ser um produtor disfarçado. A brincadeira rendeu cada cena... Se tivéssemos filmado, ela certamente teria sido escolhida.

Por causa do jeito brigão, logo que entrou para o nosso grupo, chegou a ter o apelido de "Lorão". Mas, com o tempo, nós fomos nos conhecendo melhor e ela se mostrou uma pessoa muito doce e carinhosa. O que não a impede de dar uns gritos de vez em quando.

Fomos nos aproximando aos poucos, embora nossa amizade tenha começado logo de cara. Afinal, as amizades começam superficiais e só tempo nos permite conhecer o outro a ponto de tornar este sentimento verdadeiro. E conosco não foi diferente, apesar de ter sido um processo bem rápido.

Comecei a conviver com ela, conversar com ela, sair com ela. Minha timidez, que insiste em se fazer presente sempre que me junto a um grupo novo, foi cedendo à alegria e vontade de se divertir dela. Com a sua ajuda, inaugurei uma nova fase em minha vida, onde a diversão é mais valiosa do que a opinião alheia. Quando tiramos fotos, fazemos as poses mais loucas. Quando saímos para dançar, fazemos performances de dar inveja em qualquer popstar. E chegamos ao ponto de brincar de fazer "pole dancing" num poste de luz!

Liberdade de ser feliz. Este é o dom da minha amiga e a lição que aprendi com ela.Gostaria que ela realizasse seu sonho de ser famosa... Ensinaria essa lição para mais gente.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Delírios de Fã 1 ou Como Gostaria de Ter Conhecido o Michael Jackson

Era uma quarta-feira à tarde e resolvi ir até o shopping Rio Sul. Estava tudo meio deserto, nada interessante, até que vi um trio que me chamou atenção...

Um "hippie" alto e magro, de boné, óculos escuros, barba longa, trajando uma espécie de bata de mangas compridas, calça larga e tênis. Uma mulher negra, muito bonita, usando camiseta e saia longa. E um sujeito alto e forte, de terno. Os três circulavam juntos pelo shopping. Pararam em frente à loja Brink Center.

Fiquei olhando de longe por algum tempo, disfarçando... Aquelas pessoas não me eram estranhas, apesar de serem "bem estranhas"! Hehehe! Quando entraram na loja, entrei também.

Fingi estar escolhendo uns brinquedos enquanto olhava aquele "hippie" que calmamente andava pela loja. Ele andava devagar, fazia movimentos lentos, olhando tudo. Volta e meia, apontava para um brinquedo e comentava com os outros, sempre em voz baixa. Depois de observar por um longo tempo, vi que aquela barba era esquisita... tinha alguma coisa ali!

De repente, distraída, dei um passo para trás e esbarrei em alguém. Quando me virei para ver, o "hippie" esquisito virava-se também em minha direção. Aparentemente, demos um passo para trás no mesmo momento e nos chocamos.

Olhei no rosto dele pela primeira vez e... aquele narizinho que aparecia bem no meio do rosto, entre os óculos enormes e aquela barba desgranhada, era inconfundível! E eis que uma voz suave e baixinha, igualmente inconfundível, no auge da minha surpresa, diz:

- Oh, I'm so sorry! Are you ok? (Oh, desculpe! Você está bem?)

Alguns minutos depois – é claro que eu fiquei sem ação, né – perguntei, ainda incrédula:

- Michael????

Num gesto, ele me pediu para falar baixo e sorriu. Sorri também. Alias, eu ri! Ri sim, porque estava muito feliz. Quando me recompus, conversamos um pouco, enquanto ele escolhia alguns brinquedos. Mas ele sempre me pedia para falar baixo, para não chamar atenção.

Quando saímos dali, ele me perguntou se queria seguir para o hotel com ele, para termos mais privacidade. Disse que queria muito me conhecer melhor, que estava impressionado por eu tê-lo reconhecido, mesmo com aquele disfarce e mesmo sem saber que ele estava no Rio.

Achei tudo muito estranho, fiquei meio preocupada com as "reais intenções" dele, mas era o Michael Jackson, né? Como eu ia dizer não???

Nos dirigimos para a garagem, entramos no carro e seguimos para o hotel. Protegido pelos vidros escuros do automóvel, Michael se mostrou bem mais à vontade e conversamos bastante, rimos, brincamos.

Chegando na suíte, Michael me ofereceu uma bebida e pediu que eu aguardasse um pouco no sofá. Cerca de cinco minutos depois, ele voltou, sem barba, sem bata, sem óculos. Sem disfarce. E acho que foi quando me dei conta de que era realmente o Michael Jackson, aquele cara que eu sonhava em conhecer desde os meus quatro anos de idade...

Ele pegou uma bebida também, se sentou ao meu lado, e continuamos a nossa conversa. Perguntou várias coisas sobre a minha vida, me contou várias coisas sobre a vida dele, me mostrou fotos dos filhos, quis tirar fotos comigo e foi um perfeito cavalheiro durante o todo que passamos juntos. Parecíamos amigos de infância!

Jantamos juntos e a noite já caía quando fiz um esforço enorme para dizer que precisava ir para casa. Se dependesse de mim, não ia embora nunca mais, mas também não queria abusar da hospitalidade do sujeito. Então, ele disse que gostaria de falar comigo outras vezes e pediu meu telefone. E, como o perfeito cavalheiro que havia demonstrado ser, fez questão de me levar em casa, em vez de mandar apenas o motorista.

Mais conversa, risadas e muita bagunça no carro, e chegamos à porta da minha casa. Um abraço apertado, uma promessa de reencontro e então, surgiu aquele clima de "não sei o que faço agora". De repente, Michael me beijou. Um beijo suave, leve, seguido por um pedido de desculpas.

- I'm sorry. I shouldn't have... (Desculpe. Eu não devia…)

Interrompi sorrindo e respondi:

- That's ok… (Tudo bem...)

Mais um abraço apertado e eu saí do carro, entrei no prédio com um sorriso enorme nos lábios e voltei para a minha realidade.

Michael precisou voltar aos Estados Unidos no dia seguinte. Ainda não me ligou...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O Teste Pro Grupo de Teatro

Eu estudava na UERJ, onde eram oferecidas várias "oficinas artísticas", que tinham duração de aproximadamente seis meses e variavam a cada semestre. Logo no meu primeiro período de faculdade, fiz um trabalho onde precisávamos escolher algum setor ou serviço da universidade, e escrever sobre ele. Escolhi escrever sobre as oficinas.

Naquele semestre, estava sendo oferecida a "Oficina de Iniciação Teatral". Fui conhecer o trabalho dos responsáveis e fiquei sabendo que era um projeto não para atores profissionais, mas para pessoas sem experiência que gostariam de aprender teatro. Eles desenvolviam vários exercícios e, ao final, escolhiam uma peça para apresentar, que era montada de acordo com as sugestões do próprio grupo. Adorei a idéia.

Algum tempo depois, procurando alguma coisa interessante para fazer além de estudar, pensei em participar de alguma oficina. Havia oficinas de música, de teatro, de TV. Pensei na "Oficina de Iniciação Teatral" porque, afinal, tinha visto o trabalho deles e tinha gostado muito.

Quando fui fazer a inscrição, percebi que alguma coisa tinha mudado. Lá no primeiro período, eram duas oficinas de teatro: uma de "iniciação" de teatral e outra de "criação" de teatral. Dessa vez, havia apenas uma, a de iniciação teatral. Achei meio estranho e, pra garantir, perguntei para a moça da secretaria se era a mesma coisa que eu tinha visto. Ela me garantiu que sim.

Fiz a inscrição e fui informada de que haveria uma seleção, porque era preciso limitar a turma. Perguntei se seria alguma espécie de teste, se era preciso usar alguma roupa especial ou levar alguma coisa, e a mulher que estava me atendendo disse que não, que era mais uma reunião para conversar, para saber quem tinha realmente interesse em participar, essas coisas. Fiquei aliviada, afinal não tinha nenhuma experiência como atriz.

Chegou a noite da tal reunião e lá fui eu, de calça jeans e sandálias de salto, para o prédio onde funcionavam as oficinas. Eu tinha certeza de que, no máximo, teria que sentar no chão e falar sobre mim e sobre minhas expectativas na frente de todos os presentes. Nada mal...

Quando cheguei no lugar, havia uma infinidade de pessoas numa quadra. Vários estavam usando roupas de ginástica, vários notavelmente já eram atores e vários pareciam simplesmente loucos. Encontrei uma garota que estava tão perdida quanto eu e começamos a conversar. Ela também estava um tanto assustada porque, como eu, imaginava que teria apenas uma conversa sobre suas expectativas. E, pelo o que estávamos vendo, aquilo seria nada mais nada menos do que um teste de elenco!

A tal professora da oficina era uma diretora, com uma peça já estipulada para montar, que estava escolhendo os seus atores. O problema é que, aparentemente, nem todos os presentes sabiam disso. Aliás, ela não sabia do objetivo real da oficina e nem os organizadores sabiam do objetivo dela. Tremenda falta de organização!

Eu estava apavorada, confesso, mas não sou de sair correndo. Então, já que estava ali, mãos à obra! Paguei micos múltiplos no meio de vários atores... Pra meu consolo, não fui a única.

Tive que improvisar uma interpretação de um texto de Shakespeare na frente de todo mundo, engatinhar pelo chão imundo da quadra, fazer caras e bocas pra demonstrar as emoções que a mulher sugeria na hora e por aí vai. E tudo no susto!

Não preciso nem dizer que não fui escolhida, né? Eu já sabia disso lá pelo meio do tal teste e tive vontade de calçar minhas sandálias novamente e ir embora. Aliás, fui a última a me apresentar em um dos exercícios, porque estava considerando seriamente se devia continuar ou não. Mas uma força em mim me fez ficar até o final. Não sei porque essa força resolveu se meter onde não devia, mas... o que eu podia fazer?

Saí de lá toda suada, suja e me sentindo algo perto de humilhada. Não humilhada, porque a palavra é muito forte... mas alguma coisa por aí. Minha sensação era de eu tinha feito papel de palhaça, involuntariamente, para um monte de gente.

Só depois que a raiva passou é que eu consegui tirar alguma coisa boa da experiência. Foi um bom teste pra minha timidez, afinal. Mas, ainda assim, as minhas lembranças hoje se parecem mais com um pesadelo...

Na próxima vez que eu me deparar com uma situação inesperada, nada de "força interior"! Eu vou é embora!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O Dia Em Que Eu Vi Michael Jackson

Era fevereiro e ano era 1996. Michael Jackson tinha vindo ao Brasil para gravar o clipe da música "They don't care about us". Primeiro, foi a Salvador, onde gravou no Pelourinho e com o Olodum, em clima de festa e parecendo se divertir bastante. Depois, era a vez do Rio de Janeiro, onde gravaria no Morro Dona Marta.

Eu tinha quase dezesseis anos, mas ainda não tinha muita iniciativa. Aliás, quase nenhuma. Não fui ao aeroporto, não passei a noite em frente ao hotel, não fiz nenhuma dessas peripécias de fã... Mas, no domingo de manhã, eu fui até a porta do hotel. E naquele dia 11 de fevereiro de 1996 aconteceu a coisa mais legal na minha história de fã do Michael Jackson.

Minha fama de "doidinha" é bem sólida entre os membros da família e alguns amigos. Juntando isso àquela história do garoto de São Paulo, que foi atropelado por um carro da comitiva do Michael em 1993, minha mãe conseguiu uma boa justificativa para me acompanhar. Aqui vale uma observação: ela sempre tenta me proteger de tudo e de todos. Mas isso fica para outro texto. Agora, vamos à história...

Acordei no domingo super ansiosa, imaginando mil coisas, entre as quais, é óbvio, um encontro cara a cara com o meu ídolo. Tomei banho, me arrumei e seguimos para Copacabana. Chegamos ao hotel por volta das onze horas e nenhum sinal do Michael.

Conversando com alguns fãs que estavam lá havia mais tempo, descobri que ele ainda não tinha aparecido na janela para o habitual aceno. Fiquei feliz com a notícia e continuei esperando. O clima era de festa, todos riam e conversavam. Na sacada do hotel, na área que eu imagino que seja da piscina, alguns garçons apareciam e jogavam beijos para a gente, como se estivéssemos ali para vê-los. Tudo estava ótimo mas, e o Michael???

Não sei dizer quanto tempo se passou desde que cheguei mas, lá pelas tantas, um movimento na janela do vigésimo andar chamou a atenção de todos. Sim, era ele: Michael Jackson, acompanhado de sua maquiadora Karen Faye, acenava para nós. Ele estava de casaco vermelho e seu inseparável (pelo menos nos idos anos 90) chapéu preto. O que eu vi, na verdade, foi mais um borrão preto e vermelho do que propriamente uma pessoa, mas eu sabia que era ele e isso me fez ficar tonta. Respirei fundo, me recompus e continuei esperando por uma outra visão, talvez melhor.

Depois de mais algum tempo, outro movimento na janela e outro frenesi lá na calçada. Michael apareceu de novo, agora sozinho e numa janela mais na lateral do prédio. Acenou bastante e jogou umas balas, eu acho. Mas a maior parte caiu na sacada do hotel, onde estavam aqueles garçons. Não peguei nenhuma...

Continuei esperando, porque ele iria sair do hotel para o Forte de Copacabana, onde pegaria um helicóptero para o Morro Dona Marta, local das gravações. Minha esperança era vê-lo saindo do hotel, de perto, pela janela do carro, pelo menos. Enquanto esperava, vi algumas pessoas saindo pela porta da frente do hotel, entre elas a Karen e o Spike Lee, que dirigiu o clipe. De novo, minha falta de iniciativa se fez presente e eu nem pensei em tentar falar com algum deles. Mas também, mesmo que eu tentasse, não acredito que daria muito certo... naquela época meu Inglês era péssimo!

Começaram os rumores de que Michael ia sair pelos fundos do hotel e minha mãe, no auge de sua preocupação com a minha segurança e integridade física, me advertiu com toda ênfase possível:

- Nós NÃO vamos correr atrás do carro, escutou? Você NÃO vai se meter no meio daquela confusão!

De repente, os gritos:

- Michael Jackson tá saindo! Michael Jackson tá saindo!

E, para minha surpresa, minha mãe agarra a minha mão e me puxa, correndo na direção de onde vinha o carro! Está aí uma coisa que eu nunca vou entender... Perdi o equilíbrio, quase caí, me pus de pé novamente, corri... mas não alcançamos o carro. Michael já tinha ido embora, era hora de voltar para casa. Tinha acabado.

Hoje em dia, tudo isso parece mais um sonho... As imagens e sensações já estão desaparecendo da minha memória, depois de quase treze anos. O que vai ficar para sempre é a lembrança da felicidade que meu coração experimentou ao ver o meu ídolo, mesmo que tão longe. E, ao mesmo tempo, a dor por não ter aproveitado a oportunidade como eu acredito que poderia.

Volta e meia me pego imaginando o que faria se tivesse uma oportunidade assim outra vez. Acredito que agora tenho iniciativa suficiente para ter uma idéia legal, estou mais segura neste ponto. Mas, mesmo assim, já bolei mil estratégias e tracei mil planos para garantir 100% de aproveitamento da próxima chance que eu vier a ter...

E quero muito acreditar que isso não foi nada perto do que ainda está por acontecer. Que o destino vai me dar outra chance e me permitir ficar cara a cara com o Michael, olhar nos seus olhos, conversar com ele... Porque, se tem algo que eu tenho certeza, é que – não importa tão louco pareça ou até seja – essa coisa que eu sinto por ele ultrapassou a fase da minha adolescência, se fortaleceu, continua comigo hoje e não vai acabar nunca.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Obras de Arte da Natureza ou A Prova de Que Deus Existe - 1


O Dia em Que as Louras Ganharam um Fã

O quinto período finalmente tinha acabado e mal podíamos acreditar. Depois de aulas arrastadas, matérias incompreensíveis e professores... bom, melhor deixar pra lá. Enfim, depois de um período que foi complicado para todos nós, enfim havia chegado o último dia em que precisaríamos pisar na faculdade. Pelo menos, até o próximo ano.

Decidimos que esse dia merecia uma comemoração. E que precisávamos sair para dançar, para extravasar a tensão da prova final. Mesmo debaixo da chuva fina que insistia em cair, nos reunimos na porta da faculdade e seguimos para um bar aonde vamos de vez em quando, que tem uma pista de dança no segundo andar.

Chegando lá, o lugar estava lotado, cheio de reservas. O que estava acontecendo naquela sexta-feira? Será que o mundo inteiro fazia aniversário naquele dia?

Arrumamos um cantinho para nossas bolsas e começamos a dançar espremidos num corredor. E foi aí que começou... As pessoas passavam por entre a gente, pisando no pé, empurrando... e, vez ou outra, um engraçadinho falava alguma coisa. E no meio de tudo que ouvimos, surgiu uma pérola que rendeu a noite toda...

Duas das minhas amigas, louras e lindas, estavam dançando juntas quando um tiozinho sem noção virou para elas e disse algo como "o amor é lindo". As duas começaram a rir na mesma hora. Assumindo que o cara tinha achado que elas eram um casal, começaram a brincar, dançando juntas e fazendo poses, para gargalhada geral.

O tempo passou e conseguimos mudar de lugar. Fomos para um ponto mais vazio da pista, onde podíamos dançar normalmente, sem que ninguém pisasse nos nossos pés, e longe da vista do tal tiozinho. Pelo menos, foi o que pensamos. As louras já respiravam aliviadas quando surge ele, aquele homenzinho de uns cinqüenta anos, um metro e meio de altura, gorduchinho, de blusa branca aberta no peito, bigodinho e cavanhaque, se sentindo O sex symbol e olhando fixamente para elas.

Uma das louras, sortuda, tem um namorado que não tardou a chegar para salvá-la daquela criatura sem noção. A outra, coitada, foi escolhida como vítima e sofreu assédios a noite inteira! Conforme íamos dançando e nos movendo pela pista, o tio mudava de lugar, buscando um jeito de nunca perdê-la de vista. A coisa era tão "sutil" – com ironia, por favor – que a figura nem fingia dançar e conseguiu a proeza sair em praticamente todas as fotos que tiramos!

Lá pelas tantas, ele me chamou... Eu, que já sou mal humorada com desconhecidos, fiz de tudo para deixar bem claro que não queria assunto com ele. Ainda assim, ele fez questão de me dizer que a minha amiga ficava linda de cabelo preso. Sem saber muito bem o que dizer, dei de ombros e respondi: "ué, fala pra ela". Nem preciso dizer que me arrependi imediatamente, né? Imagina se ele resolve mesmo falar? Coitada... Pelo menos, até então, ele só estava olhando... Mas ele não falou nada. Preferiu continuar olhando de longe.

A loura do namorado acabou indo embora mais cedo e, com seu guarda-costas particular, já estava livre do tiozinho. Mas a outra loura teve que agüentar até o fim...

Quando resolvemos ir embora, já tínhamos perdido o tiozinho de vista. Pagamos nossas comandas e descemos para ir embora. Enquanto nos despedíamos, na porta do bar, ele reapareceu. Pensamos: "Agora já era! O tio vai querer levar a loura em casa! Já pensou?" Mas o tio já estava assediando outra loura e nem nos viu. Fomos todos embora na mais perfeita paz.

E foi assim que as louras ganharam um fã e que uma figura desconhecida conseguiu aparecer em praticamente todas as fotos que tiramos. E, pode ter sido mera coincidência, mas o cartão de memória da câmera deu problema e perdemos todas as fotos. O tio queimou nosso filme...

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Para Começar Bem o Ano...



Porque, depois da chuva, o sol reaparece trazendo um arco-íris... E aí, não importa o tamanho da minha tristeza, um sorriso - mesmo que tímido - teima em brotar nos meus lábios e meu rosto se ilumina.