segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O Dia Em Que Eu Vi Michael Jackson

Era fevereiro e ano era 1996. Michael Jackson tinha vindo ao Brasil para gravar o clipe da música "They don't care about us". Primeiro, foi a Salvador, onde gravou no Pelourinho e com o Olodum, em clima de festa e parecendo se divertir bastante. Depois, era a vez do Rio de Janeiro, onde gravaria no Morro Dona Marta.

Eu tinha quase dezesseis anos, mas ainda não tinha muita iniciativa. Aliás, quase nenhuma. Não fui ao aeroporto, não passei a noite em frente ao hotel, não fiz nenhuma dessas peripécias de fã... Mas, no domingo de manhã, eu fui até a porta do hotel. E naquele dia 11 de fevereiro de 1996 aconteceu a coisa mais legal na minha história de fã do Michael Jackson.

Minha fama de "doidinha" é bem sólida entre os membros da família e alguns amigos. Juntando isso àquela história do garoto de São Paulo, que foi atropelado por um carro da comitiva do Michael em 1993, minha mãe conseguiu uma boa justificativa para me acompanhar. Aqui vale uma observação: ela sempre tenta me proteger de tudo e de todos. Mas isso fica para outro texto. Agora, vamos à história...

Acordei no domingo super ansiosa, imaginando mil coisas, entre as quais, é óbvio, um encontro cara a cara com o meu ídolo. Tomei banho, me arrumei e seguimos para Copacabana. Chegamos ao hotel por volta das onze horas e nenhum sinal do Michael.

Conversando com alguns fãs que estavam lá havia mais tempo, descobri que ele ainda não tinha aparecido na janela para o habitual aceno. Fiquei feliz com a notícia e continuei esperando. O clima era de festa, todos riam e conversavam. Na sacada do hotel, na área que eu imagino que seja da piscina, alguns garçons apareciam e jogavam beijos para a gente, como se estivéssemos ali para vê-los. Tudo estava ótimo mas, e o Michael???

Não sei dizer quanto tempo se passou desde que cheguei mas, lá pelas tantas, um movimento na janela do vigésimo andar chamou a atenção de todos. Sim, era ele: Michael Jackson, acompanhado de sua maquiadora Karen Faye, acenava para nós. Ele estava de casaco vermelho e seu inseparável (pelo menos nos idos anos 90) chapéu preto. O que eu vi, na verdade, foi mais um borrão preto e vermelho do que propriamente uma pessoa, mas eu sabia que era ele e isso me fez ficar tonta. Respirei fundo, me recompus e continuei esperando por uma outra visão, talvez melhor.

Depois de mais algum tempo, outro movimento na janela e outro frenesi lá na calçada. Michael apareceu de novo, agora sozinho e numa janela mais na lateral do prédio. Acenou bastante e jogou umas balas, eu acho. Mas a maior parte caiu na sacada do hotel, onde estavam aqueles garçons. Não peguei nenhuma...

Continuei esperando, porque ele iria sair do hotel para o Forte de Copacabana, onde pegaria um helicóptero para o Morro Dona Marta, local das gravações. Minha esperança era vê-lo saindo do hotel, de perto, pela janela do carro, pelo menos. Enquanto esperava, vi algumas pessoas saindo pela porta da frente do hotel, entre elas a Karen e o Spike Lee, que dirigiu o clipe. De novo, minha falta de iniciativa se fez presente e eu nem pensei em tentar falar com algum deles. Mas também, mesmo que eu tentasse, não acredito que daria muito certo... naquela época meu Inglês era péssimo!

Começaram os rumores de que Michael ia sair pelos fundos do hotel e minha mãe, no auge de sua preocupação com a minha segurança e integridade física, me advertiu com toda ênfase possível:

- Nós NÃO vamos correr atrás do carro, escutou? Você NÃO vai se meter no meio daquela confusão!

De repente, os gritos:

- Michael Jackson tá saindo! Michael Jackson tá saindo!

E, para minha surpresa, minha mãe agarra a minha mão e me puxa, correndo na direção de onde vinha o carro! Está aí uma coisa que eu nunca vou entender... Perdi o equilíbrio, quase caí, me pus de pé novamente, corri... mas não alcançamos o carro. Michael já tinha ido embora, era hora de voltar para casa. Tinha acabado.

Hoje em dia, tudo isso parece mais um sonho... As imagens e sensações já estão desaparecendo da minha memória, depois de quase treze anos. O que vai ficar para sempre é a lembrança da felicidade que meu coração experimentou ao ver o meu ídolo, mesmo que tão longe. E, ao mesmo tempo, a dor por não ter aproveitado a oportunidade como eu acredito que poderia.

Volta e meia me pego imaginando o que faria se tivesse uma oportunidade assim outra vez. Acredito que agora tenho iniciativa suficiente para ter uma idéia legal, estou mais segura neste ponto. Mas, mesmo assim, já bolei mil estratégias e tracei mil planos para garantir 100% de aproveitamento da próxima chance que eu vier a ter...

E quero muito acreditar que isso não foi nada perto do que ainda está por acontecer. Que o destino vai me dar outra chance e me permitir ficar cara a cara com o Michael, olhar nos seus olhos, conversar com ele... Porque, se tem algo que eu tenho certeza, é que – não importa tão louco pareça ou até seja – essa coisa que eu sinto por ele ultrapassou a fase da minha adolescência, se fortaleceu, continua comigo hoje e não vai acabar nunca.

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